Friday, February 20, 2009
Friday, November 28, 2008
Friday, October 17, 2008
Caminho das Índias
Além, é claro, da experiência antropológica que o passeio proporciona - é sempre perturbador ver uns caras todo esgualepados tomando cerveja às oito da manhã e um outro cidadão ENFATIOTADO, provavelmente um executivo cheio da MACEGA, sentado na mesa imediatamente ao lado. Ambos curtindo loucamente o sol da manhã.
Wednesday, August 27, 2008
Breaking news
Enfim, depois de SEIS semanas começo a organizar melhor a rotina. Já consegui tirar uma NESGA de tempo para ler, assistir filminhos e olhar para as paredes. Mas ainda falta conseguir vagar sem compromisso pelo bairro e - o que promete ser o HIT do verão - sair de chinelo para tomar umas cervejas na Rua da Praia.
Thursday, June 12, 2008
Pauta do dia
Saturday, June 07, 2008
Façanha. Modelo. Toda a terra
Quinta-feira à noite conversava com a Aline sobre a minha total descrença na política institucionalizada. Nenhum quadro ou partido merece o mínimo de confiança. Quem não é burro é corrupto. Quem não é corrupto é grotesco. Mas não pensem que desisti de acompanhar a Política. Eu simplesmente adoro escarafunchar no noticiário. Leio todos os dias, religiosamente. Mas leio como se fosse a Caras, para saber das pequenas e grandes traições, dos fiascos, das lambanças. Me divirto muito e bem pouca coisa me indigna. A única diferença é que, ao contrário das celebridades, os políticos influem diretamente na nossa vida. Mas também é verdade que nos representam da maneira mais fiel possível. Se vivemos num país miserável e com graves falhas de caráter, nada mais justo que assim sejam nossos representantes.
Pensando melhor, não é o fim de tudo. É apenas mais um capítulo. Fossem os políticos gaúchos pessoas com um mínimo de caráter teriam todos subido num barco rumo à Patagônia. Não ficariam por aí dizendo coisinhas graciosas, como se as declarações daquele boca torta do Busatto pudessem ser circunscritas a um fato. Não podem. As declarações dele são o mais abrangente painel que alguém já delineou da estrutura política gaúcha.
Tou aqui de pantufas adorando ver o Estado arder. Me sentindo um FILÓSOFO. Pela extrema negligência e nenhuma vontade de mudar nada, um filósofo bem brasileiro, é verdade.
Tuesday, June 03, 2008
Coração das trevas
Não sei por que, mas tenho a impressão de que o teor do sonho está de alguma forma ligado ao fato de que há alguns meses eu venho trabalhando numa agência de publicidade.
Friday, May 30, 2008
Massa de manobra
Wednesday, May 14, 2008
Dia de marcação
Agora, depois de velhos, resolveram se tornar LIBERAIS. Mas não perdem por esperar. Agora que sou um JOVEM ADULTO eles não poderão me impedir de tatuar nas costas, em tamanho natural, a cara do Renteria fumando cachimbo.
Tuesday, April 15, 2008
Soneto a Ritchie Valens (nenhum sentido)
Aline e eu estamos procurando apartamento, já gostamos de alguns, mas, na hora do acerto definitivo, algo acaba dando errado - invariavelmente com o proprietário, que decide não fechar o negócio por dívida, macumba ou capricho.
Agora junte a esta epopéia o trabalho regular, o Impedimento, alguns frilas e a birita. O que temos é uma rotina lancinante de inesperados eventos que se sucedem. Minha coluna virada numa espiral de desconforto. E, mesmo assim, estou achando a função toda bastante interessante, até mesmo prazeirosa.
Saturday, March 29, 2008
Vertigem
Continuum, um corpo que cai.
É com a luz da velociadade ofuscando através das pálpebras como polaróides brilhantes que nos recolhemos à escuridão do cinema e enfim podemos adormecer.
Continuum, somos carne que sonha.
Trecho do conto Expurgos na Via Pública, que faz parte de Sonho Interrompido por Guilhotina, de Joca Reiners Terron, um dos grandes escritores que temos.
Wednesday, February 20, 2008
Balada do queixo saliente
Tenho vontade que um mecânico desmonte a minha cabeça e EMBEBA meus ossos num óleo deliciante, para evitar qualquer fricção. Depois uma enfermeira com cara de senhora - jovem poderia gerar muito entusiasmo - aparece para me dar uma mamadeira de morfina.
Devo alertar, no entanto, que não farei qualquer cirurgia. Ainda consigo destrinchar uma costela usando os dentes. Este é o parâmetro perfeito de até aonde posso seguir.
Wednesday, February 13, 2008
Campo minado
Thursday, February 07, 2008
Mensagem na garrafa
Bem-vindos à realidade pós-alegoria, e fogo no estandarte.
Saturday, December 08, 2007
Just can't get enough
Como a edição se limita a 500 exemplares, nem todos poderão ter uma cópia, mas dá para baixar aqui. Gostaria de dar um parabéns gigante a todos que se envolveram no projeto, Träsel, Firpo, Vanessa, Carol B. e Walter, o pessoal da Letraria, que caprichou como nunca no design, e um abraço grande nos pais do Gabriel, Mariza e Valério. Se esqueço de alguém, peço desculpas.
Ontem cheguei tarde em casa, por volta das quatro e meia, e continuei a errante leitura que tenho feito do livro. Pulo páginas, olho fotos, paro em textos ocasionais. Comecei a lembrar de coisas muito divertidas. Como uma vez, que o Antenor cita no seu relato, numa festa de formatura no Garagem. Já era bem tarde, poucas pessoas estava dançando e nós queríamos urgentemente ir arruinar o baile oficial. Gabriel estava colocando som no Garagem, mas insistimos para que fosse com a gente. Assim, do nada, ele desligou os equipamentos de som e deixou umas pessoas perdidas na pista. Mas não foi uma operação sutil, de esparar acabar a música ou abaixar o volume gradualmente como as rádios fazem quando o tempo estoura. Não. Ele fez isto NO MEIO DE UMA MÚSICA e, em cinco minutos, já estávamos dentro do carro. Foi muito engraçado, assim como a nossa chegada no baile. Por algum motivo que desconheço, lembro que a minha camisa branca estava EMBARRADA.
Gabriel ainda é uma pessoa muito presente em nossas vidas. Sua morte trouxe uma ponta de tristeza que permanece e talvez nunca se acabe. Para mim, o que aconteceu interrompeu uma rotina na turma de amigos. Tenho muito a impressão de que as pessoas pensaram bastante no que aconteceu, e que isto modificou a vida de todos de alguma forma. Eu não era íntimo do Gabriel, mas passávamos boa parte do tempo juntos, com amigos, em festas ou bares. Hoje encaro todas as pessoas do meu círculo de convivência como amigas. Pode ser apenas reflexo de uma das maiores qualidade que percebia no Gabriel, a ausência de maldade. É um clichê, mas como não dizer que ficamos mais unidos depois disto? Até hoje, quando estou conversando com amigos e o Gabriel surge na conversa, fora raros os momentos soturnos . Apesar daquela ponta de tristeza, geralmente lembramos de uma coisa engraçada e rimos.
Para não acabar o texto com mágoa ou aflição, quero contar algo que certamente deixaria o Gabriel em chamas. Na quinta-feira à noite eu estava vagabundeando em casa e comecei a ouvir uns barulhos bizarros na rua. Meu pai e minha mãe foram para a sacada do quarto deles, que fica na esquina da rua. Como as portas do APOSENTO MARITAL estavam abertas, os segui. O meu vizinho, que mora na outra esquina, estava arrastando um SOFÁ pelo pátio. Mas não uma poltrona, um sofá destes grandes. Por algum motivo, ele achou que a noite de quinta-feira pedia que ele erguesse o sofá acima do muro e jogasse no meio da rua, junto com algumas almofadas. Assim ele fez, com raiva provavelmente ORIUNDA do trago. E lá ficou o sofá, emborcado numa rua qualquer de Cachoeirinha, esperando com diligência a chegada de um carroceiro com cara de mexicano. Como diria o Gabriel, como dizemos todos: NENHUM SENTIDO.
Saturday, December 01, 2007
Pêndulo
Tuesday, November 20, 2007
Avalanche
it covered up my soul;
when I am not this hunchback that you see,
I sleep beneath the golden hill.
You who wish to conquer pain,
you must learn, learn to serve me well.
You strike my side by accident
as you go down for your gold.
The cripple here that you clothe and feed
is neither starved nor cold;
he does not ask for your company,
not at the centre, the centre of the world.
When I am on a pedestal,
you did not raise me there.
Your laws do not compel me
to kneel grotesque and bare.
I myself am the pedestal
for this ugly hump at which you stare.
You who wish to conquer pain,
you must learn what makes me kind;
the crumbs of love that you offer me,
they're the crumbs I've left behind.
Your pain is no credential here,
it's just the shadow, shadow of my wound.
I have begun to long for you,
I who have no greed;
I have begun to ask for you,
I who have no need.
You say you've gone away from me,
but I can feel you when you breathe.
Do not dress in those rags for me,
I know you are not poor;
you don't love me quite so fiercely now
when you know that you are not sure,
it is your turn, beloved,
it is your flesh that I wear.
[Leonard Cohen, Songs of Love and Hate]
Às vezes é melhor deixar os outros escreverem por ti.
Sunday, November 18, 2007
Exploração do trabalho felino
- Consegue um dinheiro para nós fazê um lanche?
O "nós" se referia - além dele, é claro - a um GATO que carregava no colo.
Disse que não, mas perguntei de onde ele havia tirado o bicho.
- Achei na Redenção. Daqui a pouco levo ele de volta. Só trouxe para pegar uma comidinha pra mim e pra ele.
Não deve ter se esforçado muito, já que há mais ou menos uns 1.300 gatos vivendo no meio das árevores e das pessoas tomando chimarrão. E se foram, o guri e o gato, que estava apavorado, mas não fazia menção de descer do colo e até lhe cravava as garras na camiseta. Causavam sensação entre as mocinhas exibidas e vi que pegavam umas moedas. A estratégia de expor o gato às agruras da vida da Cidade Baixa deve ter sido bem-sucedida. Logo voltaram, o guri bem tranqüilo e o gato cada vez mais abraçado nele. Devem ter dividido um cheese bacon.
Saturday, October 27, 2007
Terra do progresso
Fiquei imaginando cascudos apanhados a socos no Rio Gravataí.
Friday, September 28, 2007
Pequenas empresas
Thursday, September 20, 2007
Éter físico
"Alegria - Um homem matou os sogros, incendiou a sua casa e depois cometeu suicídio."
Cada vez mais a realidade compete com a ficção.
Friday, September 14, 2007
Reacionário
Friday, September 07, 2007
Um entre muitos tiros
Hemingway, o galo véio, fazendo literatura a pedradas em No Cais de Izmir, que faz parte do Volume 1 de seus contos. Sempre tinham me indicado muito os três volumes, mas apenas agora peguei para ler.
Saturday, September 01, 2007
Visita
Tuesday, August 28, 2007
Adeus para sempre
VOCÊ FOI MÓ RÁTÁ COMIGÔ.
Saturday, August 25, 2007
Noturno I
- Vampiro anda de noite.
E de noite ninguém saía.
- Vampiro ataca mulher no escuro.
A moça não era de inventos e retrucava:
- Mas ele não anda no mato,
ali só anda mosquito e filho de lacrau.
Uma manhã ela tomou café e arrotou morcegos na janela.
Thursday, August 23, 2007
Efeito colateral
O Sr. Adrenalina no Coração afirmou que dentro dele "existe uma prostituta", para dar o tom da intensidade de sua interpretação como mulher no filme "Hairspray - Em Busca da Fama". Não aprovei o papel, pelos motivos expostos na inominável foto abaixo.
Já Bill Murray dá mostras de que tão cedo não vai se recuperar de ter IMOLADO a Scarlett Johansson em Lost in Translation. Ele foi pego pela polícia sueca em estado de embriaguez enquanto dirigia um CARRINHO DE GOLFE pelas ruas de Estocolmo.
Tuesday, August 21, 2007
That's entertainment!
Depois de um breve e angustiado NAMORO, finalmente comprei esta caixa do Scorsese. Além de The Last Waltz, que não vi e já vale pelo ineditismo, tem Raging Bull, um dos maiores filmes já feitos, e New York, New York, que poucas pessoas gostam, mas eu acho muito massa.
Friday, August 17, 2007
Comoção
Sim, é a primeira vez que compro algo do tipo.
Não, não responderei mais perguntas.
Jornalismo notívago
O café Dalles, na Neue Schönhauser Strasse, nº 13, chamava-se antigamente Engelspalast [Palácio dos Anjos]. Outros tempos. Foi durante uma época restaurante público, e imagino que esta fosse sua finalidade original. Palácio de anjos não são construídos de antemão com tal propósito: com longas cavidades cujos extremos, como a margem de um lago extenso, se perde na névoa de fumo; e com uma segunda entrada à esquerda, que um dia talvez tenha sido uma chambre separée para anjos fora do expediente e onde hoje há uma mesa de roleta e jogos de roleta pregados nas paredes, cabines com vidraça, com o colorido pano de fundo de postais ilustrados, inofensivas como brinquedos para a juventude pubescente.
Kirsch, o gatuno, Tegler Willy e Apache Fritz estão sentados à mesa, e do outro lado está o policial de vigia. No fundo do corredor em forma de poço, Elli está sentada no colo de alguém, pois está de meias novas. Se uma pessoa tem meias novas, como não mostrá-las? Os pequeninos caracóis louros estão penteados na direção do rosto. Lá oscilam algo rijos, como rufos engomados. Imagino que o único desejo dela seja meia garrafa de kümmel. Que seja feita sua vontade, saúde! Meu amigo paga-lhe um pão com manteiga. Suponho que ela já não tenha desejos. Meias novas, kümmel e pão com manteiga. É realmente um palácio dos anjos.
Trecho do impagável texto Noites em inferninhos (melhor título), que consta no livro Berlim, de Joseph Roth (1894-1939), jornalista e romancista que ficava perambulando pela metrópole alemã e captando toda sua insana atmosfera do início do século XX. Sua perspectiva do desempenho jornalístico muito me agrada, comprometido que se mostra com as mínimas coisas da rotina urbana, muitas vezes mais significativas que os acontecimentos grandiosos. Li apenas um terço do livro, mas já valeu muito.
Monday, August 13, 2007
Quase manchete
De todas as situações que já enfrentei envolvendo trânsito e carros, esta talvez tenha sido a mais traumática. Mais do que quando uma moto se jogou na minha porta a 80 por hora, acho que pior do que quando um drogado do inferno me enfiou um 38 na cara numa distância que me permitia enxergar as balas no tambor. Porque o abobado se colocou na frente do carro, gingando, pedindo para ser esmagado, mesmo contra a vontade do condutor. Mais do que acabar com sua própria vida de merda, é possível que ele conseguisse avacalhar com a minha. Nunca conheci ninguém que acreditasse na inocência de um motorista homicida, muito menos creio que seria possível não ter a vida profundamente perturbada por isso.
Infelizmente, o engraçadinho me pegou com a companhia certa, porque tão logo fiz menção de parar o carro e forçar um retorno, me lembrei de quem estava ao meu lado. Tivesse sozinho ou acompanhado de outro BAGACEIRO, caro suicida filho de uma puta, teria voltado e te agarrado pela cabeça, batendo tua cara e teus dentes no asfalto até tu aprender que, sim, o absurdo é infalível e sempre nos surpreende, mas às vezes ele pode ser um pouco menos engraçadinho. E pra tu aprender que da próxima seria melhor brincar de pendurar uma corda no teto, colocar o teu pescoço no laço e dançar sobre uma mesa, porque eu não me importo nem um pouco com o lixo de pessoa que tu é e menos ainda com a pocaria da tua vida, mas apenas não quero ser o avalista do teu desfecho patético e muito menos quero ter minha vida estragada por uma flash mob de uma bicha histérica numa noite qualquer de uma porra de ano qualquer. Desgraçado.
Friday, August 10, 2007
Bad trip
"A Ava Gardner também?"
"A Ava Gvavna e todas as outras gostosas em todos os países até agora - se puder ter minha M da manhã e minha M da tarde e minha M da noite antes de ir para a cama, não preciso nem saber que horas são no relófio da prefeitura..."
Jack Kerouac escravizado pela droga no México, apaixonado por uma prostitura viciada em tudo, no seu livrinho Tristessa. Na realidade, o nome da moça que o escritor conheceu em 1955 era Esperanza.
Tem bons momentos, mas em geral é muito chato. Em algum lugar entre o Budismo e a morfina, Sr. Kerouac se perdeu, e tudo que se poderia chamar de fluxo de consciência virou um desfile de relatos pueris e bobos sobre drogados e experiências místicas. Mau livro.
Wednesday, August 08, 2007
Um até logo
As notícias da viagem já estão sendo contadas aqui.
Monday, August 06, 2007
Pica-pau > Marlon Brando
Já que o Nego postou o episódio decisivo do maior artista do século XX, não me resta outra alternativa que não oferecer mais uma célebre performance. Maior ídolo da minha infância, bem distante do segundo colocado - qualquer cara que montasse num cavalo e estivesse participando de um western.
Friday, August 03, 2007
Necrocinofilia
No final da tarde, uma senhora andava de bicicleta e parou para trovar com um cara que trabalha como segurança:
- Nunca vi maior manifestação de AMIZADE. Desde quando o cachorro morreu, seus AMIGOS estão lá do lado dele.
Eu ouvia a conversa pela janela e já estava ficando emocionado quando o segurança respondeu, cético e resoluto:
- Senhora, na verdade era uma cadela. Ela estava no cio.
Tuesday, July 31, 2007
Mina de ouro
Monday, July 30, 2007
Fade out
Tão logo soube da morte de Ingmar Bergman, a primeira coisa que me veio à cabeça não foi Max Von Sydow jogando xadrez com a morte, mas sim esta seqüência magistral de Morangos Silvestres, que apenas momentos depois percebi ser plenamente ajustada à situação.
Friday, July 27, 2007
The heart is a lonely hunter
De chorar esse A love song for Bobby Long. História de gente que um dia se deu bem e depois muito se estrepou e de quem vê sua vida crescer de repente. Tema bem normal, mas contada através de um roteiro honesto ao extremo, com uma sinceridade de esbofetear o cidadão. O personagem de John Travolta comanda tudo. Gordo, manco, bêbado, traumatizado e SÁBIO. "Professor, poeta e trovador", como o próprio se define lá pelas tantas, entre sonzeiras de Jesus e mijadas de sangue.
Thursday, July 19, 2007
Sem saída
Uma análise mais profunda sobre tudo isso, deixo para quem tem mais disposição e perícia para fazer, como o Alexandre Rodrigues, o Träsel e o Walter. Só consigo transmitir pessimismo e descrença geral, como acabou saindo este texto no Impedimento.
Tuesday, July 03, 2007
Caiu a casa
Aconselho fortemente uma visita ao Margs para conferir a mostra que reúne as quatro séries completas de gravuras de Goya. São mais de duzentas obras, da coleção da financeira espanhola Caixanova, que são expostas pela segunda vez fora da Espanha. A exposição fica até 5 de agosto, de terça a domingo, das 10h às 19h. As séries são Os caprichos, Desastres de Guerra, Tauromaquia e Proverbios ou Disparates.
Tauromaquia disserta sobre alguns fatos relevantes das touradas. Feitos e mortes célebres da nobre arte são abordados como numa crônica história representada pelo desenho, onde o título de cada gravura remete diretamente ao fato. Espetacular.
Proverbios ou Disparates contém algumas das gravuras mais atordoantes que já presenciei, como a exposta acima. São peças em que os detalhes servem e complementam uma temática que flerta com o absurdo e o horror supremo. Cada expressão e traço sugere sensações extremadas de pavor, angústia ou prazer atormentado. Fui ver no domingo e até agora estou vitimado pelo transtorno profundo. Mas não quero ficar em chamas sozinho. Confiram. Vale muito.
Wednesday, May 16, 2007
Nietzsche = Obdulio Varela
Absolutamente sensacional. Chorei com o aquecimemento do Marx e com a inesperada entrada de Beckenbauer. Roubei lá do blog do mestre Alexandre Rodrigues.
Wednesday, April 25, 2007
Abel vai embora. Fica Abel!
Abelardo chegou em 2006 para sua quarta passagem no clube onde despontou para o futebol em 1988. Foi recebido com grande suspeita pela torcida colorada, inclusive por mim. Os colorados temiam que o excelente time montado pela direção naufragasse junto com a sina de vice-campeão do treinador. Todos sabem que o simpático gordacho carregava um anjo da morte sobre os ombros e que a criatura lhe abandonou apenas em 2006, provavelmente alçando vôo de algum lugar na altitude de Quito. Ou quem sabe recebeu um bico de Rentería na angelical bundinha. A torcida do Inter amava Abel Braga desde 1989 pelo Gre-Nal do Século. E também o odiava pelo Campeonato Brasileiro perdido para o Bahia e pela desclassificação na Libertadores de 89 para o Olímpia.
Sou um grande admirador de Abel Braga. Sempre fui. Excelente pessoa, com fibra e caráter. Sofre pelos clubes que defende e era impossível não sentir compaixão pelos seus fracassos monumentais em edições da Copa do Brasil com Flamengo e Fluminense. Quando anunciaram sua contratação, pensei: "Ai, o Abel. Ele é tão gente boa, mas sempre estraga tudo no final. Lá vamos nós. Mais alguns anos sem títulos importantes".
No entanto, o retorno dele foi dessas coisas inexplicáveis no futebol. Nenhum treinador merecia mais estar junto com o clube nos momentos mais importantes da sua história recente. E agradeço a ele ao menos por isso, por estar junto. Tenho dúvidas sobre a importância dos treinadores em algumas conquistas, mas foi sob o seu comando que o Inter foi campeão da América e do mundo e fez algumas das partidas mais espetaculares a que assisti. Como contra a LDU, no Beira-Rio; contra o São Paulo, no Morumbi; e contra o Barcelona, no Japão.
Abel Braga é um doce lunático. Menos mal que em 2006 seus erros foram perdoados pelas entidades que zelam pela justiça futebolística. Mas em 2007 ele insistiu nos mesmos equívocos e os deuses já haviam dado uma banda para bem longe da Padre Cacique. Deu no que deu.
É impressionante como o convívio diário com o futebol acaba cegando as pessoas. Na Zero Hora saiu a informação de que Abel teria se arrependido ter renovado seu contrato antes mesmo do Mundial. Poderia ter saído por cima, no ponto máximo que um técnico consegue chegar em um clube. É isso mesmo, Abel. Tu rateou feio. Assim como Clemer, que já deveria ter largado e nos deixado com a última impressão de suas fabulosas defesas contra o Barcelona.
De alguma forma - não sei exatamente por que - sempre serei grato a Abel Braga. Talvez por tê-lo visto jogando-se de pança sobre Clemer após a classificação contra a Liga de Quito. Talvez por nos proporcionar fotos como a que ilustra o post. De repente, por uma empatia que se manifestou em algo como: "nós vivemos juntos o inferno desde 1989 e agora tudo ficou tão doce". Sei lá. No fundo, tenho vontade de tomar um trago com ele, FALAR DA VIDA, coisas assim.
Vá pela sombra, Abel. Tu é louco, mas é gente boa.
***O texto foi originalmente publicado no Impedimento, mas, por significar o fim de uma ERA no Inter, achei correto colocar por aqui também.
Friday, April 20, 2007
Nem Jesus conseguiu agradar a todos
Mas lamento ter decepcionado quem parou neste blog tentando encontrar vídeos de sacanagem com o patrão.
Wednesday, April 18, 2007
Da arte de ser um prognata
Depois daquilo, tentei esquecer o assunto. Não procurei mais ninguém. Mas os estalos tornaram-se mais freqüentes e, às vezes, eram seguidos por dores localizadas na cabeça, principalmente na parte de trás, acima da nuca. Alguma dor ocasional na articulação também apareceu. Com algum tempo livre, na semana passada deixei em casa minha negligência relativa a problemas de saúde e fui a uma cirurgiã bucomaxilofacial. Entrei no consultório meio nervoso. A secretária estava assistindo a um desses programas bizarros que passam pela manhã na televisão. No caso, um senhor de meia-idade queria vender um ralo anti-ratos que ele mesmo inventara.
Quando entrei no consultório, tive o impulso de alertar que o batom rosa não combinava com a pele morena da médica, mas fiquei na minha. Muito simpática, ela. Mas não evitou o desconforto de que sempre sou acometido quando alguém enfia seis dedos na minha boa. "Abre e fecha", disse, colocando as duas mãos nas articulações, pouco abaixo das orelhas. "Teu caso necessita de uma cirurgia MACRODÔNTICA", me informou. A intervenção, em termos gerais, é como o Caligari havia me falado e tem como clímax a extração de um pedaço do osso. "É uma operação bem desgastante, tanto para o paciente como para quem faz." Desgastante para quem faz. Imediatamente, imaginei uma pessoa SUANDO de forma tresloucada, debruçada sobre a minha cara, serrando o osso da mandíbula, enquanto eu, anestesiado, sonhava com nenúfares.
"Tu precisa usar aparelho e depois fazer a cirurgia. Terás que ficar quinze dias com a boca fechada e a recuperação total demora cerca de seis meses." Além disso, me falou que é a única saída e que medicamentos seriam apenas paliativos. Alertou-me também sobre a necessidade de fazer uma placa ortodôntica para usar durante o sono, momentos em que mais tensionamos os músculos. Receitou relaxantes musculares para quando eu ficar meio NERVOSO. Saí de lá transtornado. Pensava que o Caligari estava equivocado, que seus métodos eram medievais - ou expressionistas - e que a única coisa que importava para ele era pensar na aposentadoria. Aproveito para pedir desulpas.
Pretendendo obter a avaliação CABAL, fui ao Hospital Santa Casa, onde os profissionais da área são extremamente qualificados, segundo a médica me disse. E o atendimento também é uma ternura. No consultório, vi um molde de mandíbula com o osso rachado, ligado por uma placa de metal e quatro parafusos pequenos. Percebi estar no lugar certo. O médico perguntou o motivo de minha presença. Desconforto. Estalos. Preocupação. Disse as mesmas coisas de outras oportunidades.
"Abre e fecha". Abri e fechei. "Tua mandíbula é muito grande. MUITO grande. Tua compleição facial é ANORMAL. Não anormal assim, de DEFICIÊNCIA, mas é bem PECULIAR." Tecnicamente, sou um prognata - ou prógnato -, aquele que tem as mandíbulas proeminentes. "Se tu viver até os 80 anos [otimista, ele] e não fizer a cirurgia, terás que conviver com a dor. Pode ser muita dor ou pouca dor, isso não podemos dizer ainda." Explicou-me que isso não é tão incomum como pode parecer, que pelo menos uma cirurgia dessas é realizada por semana. Afirmou também que os medicamentos não são suficientes, que a minha mordida é "cruzada" e, a exemplo do sábio Caligari, disse que terei uma melhora estética. "Não que as mulheres não te achem bonito."
Papo vai, papo vem, mordida cruzada, mandíbula serrada, exigiu: "coloca a língua para fora". Estendi o TENTÁCULO. "Barbaridade, mas o que tu tens aí é uma ARMA SEXUAL." Não consegui não gargalhar, sentindo um ORGULHO especial. O médico, provavelmente invejando minha posição de fonte inesgotável de prazer, advertiu, sério: "o problema é que a musculatura da língua tem muita força, causa muita pressão. Se tua mandíbula for recuada, a língua pode forçar os dentes. Pode ser necessário proceder com uma correção plástica". Desconfiado, exigi explicações, que diabos seria "correção plástica". "Cortar um pedaço", resumiu. Eu já sabia o que era. Evitei me manifestar, mas discordei, embora sempre tenha achado estranho o fato de conseguir lamber meu prórpio nariz.
Conceitualmente, a cirurgia me incomoda. Não é agradável pensar que teu rosto será desfigurado para ajustar uma estrutura grande como a mandíbula. Também tenho sérias restrições sobre as "mudanças estéticas". Convivo com a mesma mulher há quase oito anos e ela não parece muito insatisfeita. Até hoje, nenhuma outra representante do sexo oposto me disse: "se tu fosse menos QUEIXUDO, seria mais GATINHO". E, além de um tratamento de aproximadamente três anos e uma cirurgia grotesca, ainda insinuam a intenção de cortar minha língua e diminuir o potencial da minha versatilidade como AMANTE.
Saí da Santa Casa um tanto apreensivo. Me lembrei de Johnny vai à guerra. Mas minha preocupação primeira continua sendo conseguir dinheiro para alugar um apartamento e garantir o chopp de cada dia. Com ou sem dor.
Monday, April 09, 2007
Just remember
Maior interpretação da HISTÓRIA DE TODA A ARTE. Melhor filme, também.
R$ 12, 90 nas Americanas = deleite supremo.
Wednesday, March 28, 2007
Ferrari sem pintura
"Roberto Carlos dobrou à esquerda"
Monday, March 26, 2007
Demolido pela fábula
Bem, depois de muito querer, finalmente assisti a'O Labirinto do Fauno. Ainda não consigo falar muito sobre o filme, mas posso dizer que é um dos mais violentos que já presenciei. Violento na acepção mais comum do termo, mas também na maneira como não deixa saídas para ninguém. Uma das obras mais belas a que já assisti, também. Se me recuperar, talvez consiga escrever mais. No entanto, é provável que não o faça. Tudo que se diz de bom do filme é verdade. Na real, é mais. Fiquei absolutamente alterado e transtornado.
Friday, March 23, 2007
Marca-texto
Friday, March 09, 2007
FEXEM ESSE PAIZ
Quinta-feira, meio da tarde, por acaso não é horário de trabalho?
Absolutamente tudo que leio, vejo ou presencio valida o post abaixo.
Roubado da Nova Corja, melhor blog de política.