Friday, February 20, 2009

Até daqui a um CLIQUE

É hora de DESERTAR e tentar formar um IMPÉRIO OTOMANO em outras bandas. BÊZOS aos meus dois leitores. Espero vocês ali do outro lado da rua. Apareçam.

Friday, November 28, 2008

Pertinência tardia



Um dia eu teria que compartilhar este vídeo com vocês.

Friday, October 17, 2008

Caminho das Índias

Se eu tivesse que escolher um entre os muitos privilégios gastronômicos, boêmios e FAROFÍSTICOS de morar na região central de Porto Alegre, é bem provável que o agraciado fosse o Mercado Público. Absolutamente tudo que oferece - e a diversidade é bastante considerável - tem uma qualidade maior e um preço significativamente mais honesto.

Além, é claro, da experiência antropológica que o passeio proporciona - é sempre perturbador ver uns caras todo esgualepados tomando cerveja às oito da manhã e um outro cidadão ENFATIOTADO, provavelmente um executivo cheio da MACEGA, sentado na mesa imediatamente ao lado. Ambos curtindo loucamente o sol da manhã.

Wednesday, August 27, 2008

Breaking news

Como muitos sabem, me mudei. Junto das TAREFAS típicas da empreitada e da necessidade de se acostumar a uma nova VIVÊNCIA, apareceu uma CAMIONETE de trabalho. Em outra época talvez eu tomasse PINHO SOL, mas agora confesso estar sentindo extremo prazer em ter muitas coisas para resolver e para desenvolver ao mesmo tempo.

Enfim, depois de SEIS semanas começo a organizar melhor a rotina. Já consegui tirar uma NESGA de tempo para ler, assistir filminhos e olhar para as paredes. Mas ainda falta conseguir vagar sem compromisso pelo bairro e - o que promete ser o HIT do verão - sair de chinelo para tomar umas cervejas na Rua da Praia.

Thursday, June 12, 2008

Pauta do dia

Uma súbita e implacável vontade de ALICIAR a Aline e viajar para um lugar bem frio, não estes 10 graus fajutos de Porto Alegre. Uma cabana com fogão à lenha, café com conhaque em caneca de alumínio, passeio em ruas de paralelepípedos, em meio à cerração. Deixar para trás um país e uma caçamba de carcaças cotidianas.

Saturday, June 07, 2008

Façanha. Modelo. Toda a terra

Fosse eu Editor-Chefe de um jornal que circulasse no Rio Grande do Sul, a manchete de hoje seria "Adeus" ou "Acabou tudo".

Quinta-feira à noite conversava com a Aline sobre a minha total descrença na política institucionalizada. Nenhum quadro ou partido merece o mínimo de confiança. Quem não é burro é corrupto. Quem não é corrupto é grotesco. Mas não pensem que desisti de acompanhar a Política. Eu simplesmente adoro escarafunchar no noticiário. Leio todos os dias, religiosamente. Mas leio como se fosse a Caras, para saber das pequenas e grandes traições, dos fiascos, das lambanças. Me divirto muito e bem pouca coisa me indigna. A única diferença é que, ao contrário das celebridades, os políticos influem diretamente na nossa vida. Mas também é verdade que nos representam da maneira mais fiel possível. Se vivemos num país miserável e com graves falhas de caráter, nada mais justo que assim sejam nossos representantes.

Pensando melhor, não é o fim de tudo. É apenas mais um capítulo. Fossem os políticos gaúchos pessoas com um mínimo de caráter teriam todos subido num barco rumo à Patagônia. Não ficariam por aí dizendo coisinhas graciosas, como se as declarações daquele boca torta do Busatto pudessem ser circunscritas a um fato. Não podem. As declarações dele são o mais abrangente painel que alguém já delineou da estrutura política gaúcha.

Tou aqui de pantufas adorando ver o Estado arder. Me sentindo um FILÓSOFO. Pela extrema negligência e nenhuma vontade de mudar nada, um filósofo bem brasileiro, é verdade.

Tuesday, June 03, 2008

Coração das trevas

Uma noite destas sonhei que estava numa GUERRA, no meio de uma floresta. Eu estava escondido atrás de umas árvores. Mais atrás, dois caras me davam COBERTURA. Mas nossos inimigos, que eram muitos, certa hora avançaram de vários lados, nos encurralando (eles usavam capacetes azuis, clara referência à ONU). Nesta hora cabal, percebo que fiquei sem munição. E os SMURFS avançam, enquanto me escondo atrás de uma árvore que não era grossa o suficiente nem para esconder totalmente meu TÓRAX. Eles se aproximam e eu permaneço ACUADO, refletindo sobre a sensação de MORRER. Neste exato momento eu acordei, num suador do cão, abraçado no Coppola e já tendo arrancado completamente o lençol da cama.

Não sei por que, mas tenho a impressão de que o teor do sonho está de alguma forma ligado ao fato de que há alguns meses eu venho trabalhando numa agência de publicidade.

Friday, May 30, 2008

Massa de manobra

Uma das piores pragas de nossos dias é o gregarismo gratuito. Tu chega em um restaurante praticamente vazio, esboça aquele sorriso de êxtase pela possibilidade de algum silêncio, escolhe uma mesa posicionada de forma diametralmente oposta à única que está ocupada, e senta. Acende um cigarro e arranca a orelha - pois a área é para fumantes e leprosos. Joga a orelha no chão, dá umas baforadas graúdas e olha para o nada. Para o nada não, geralmente para o balcão em que as coloridas garrafas se perfilam e para o garçom, que enxuga os pratos com um pano engordurado, desanimado. O primeiro casal que entra - e já na porta estão discutindo sobre o bife à parmegiana - inevitavelmente vai sentar na mesa imediatamente ao lado da sua. Provavelmente, num último resquício de humanidade antes de imergirem nas páginas do cardápio, eles devem pensar: "olha que coitadinho, está tão sozinho". Jamais passará pela cabeça deles que talvez tu não precise de humanos naquele exato instante. Ao menos não de humanos tão próximos. A cara de viciado em heroína do garçom, a uns seis metros de distância, já é uma boa amostra do que a espécie é capaz de proporcionar. Mas agora que eles se apiedaram de ti não há jeito. Eles sentarão bem pertinho para trocarem opiniões sobre a estréia da novela, a classificação do Brasil no "invésti greidi" e o terremoto na China. Há apenas duas formas de espantá-los, os gregários gratuitos: começar a emitir sons guturais, rasgar as próprias roupas e derramar-se cerveja ou andar armado com um maçarico.

Wednesday, May 14, 2008

Dia de marcação

No último sábado tive uma prova incorruptível da mudança abrupta de nosso tempo. Mal havia acordado e me aparece em casa, todo faceiro, o meu irmão, com toda a sabedoria proveniente de seus 19 anos de vida. No braço, uma tatuagem gigante do escudo do Inter, cercado por MOTIVOS TRIBAIS. Ficou realmente bonita, resultado da DESTREZA do tatuador e da beleza INATA do que foi desenhado. Acontece que durante minha adolescência sempre tentei convencer meus pais que nada teria de MEDONHO se eu fizesse algo semelhante, e em todas as ocasiões fui solenemente RECHAÇADO.

Agora, depois de velhos, resolveram se tornar LIBERAIS. Mas não perdem por esperar. Agora que sou um JOVEM ADULTO eles não poderão me impedir de tatuar nas costas, em tamanho natural, a cara do Renteria fumando cachimbo.

Tuesday, April 15, 2008

Soneto a Ritchie Valens (nenhum sentido)

Ô vida marota. Tudo absolutamente pegando fogo e despencando, LASCAS DE REALIDADE desabando sobre o carcamânico melão.

Aline e eu estamos procurando apartamento, já gostamos de alguns, mas, na hora do acerto definitivo, algo acaba dando errado - invariavelmente com o proprietário, que decide não fechar o negócio por dívida, macumba ou capricho.

Agora junte a esta epopéia o trabalho regular, o Impedimento, alguns frilas e a birita. O que temos é uma rotina lancinante de inesperados eventos que se sucedem. Minha coluna virada numa espiral de desconforto. E, mesmo assim, estou achando a função toda bastante interessante, até mesmo prazeirosa.

Saturday, March 29, 2008

Vertigem

Tem um movimento ininterrupto acontecendo aqui, nesta via pública onde permancecemos , em meio a esses pequenos gestos acumulados. Há imagens iluminadas em nossos olhos que são como as imagens da vida. Nossas retinas são o cemitério onde a cidade morre.

Continuum, um corpo que cai.

É com a luz da velociadade ofuscando através das pálpebras como polaróides brilhantes que nos recolhemos à escuridão do cinema e enfim podemos adormecer.

Continuum, somos carne que sonha.

Trecho do conto Expurgos na Via Pública, que faz parte de Sonho Interrompido por Guilhotina, de Joca Reiners Terron, um dos grandes escritores que temos.

Wednesday, February 20, 2008

Balada do queixo saliente

Que minha mandíbula gosta de dançar um frevo total, eu já relatei aqui. O que chama a atenção agora é a forte suspeita de que o prognatismo bestial é o culpado pela dor horrenda que parte do CUME da minha cabeça e desce pelo lado esquerdo do corpo, passando pela articulação propriamente dita, mas também pela maçã do rosto, parte do pescoço, ombro e até uma parte do BRAÇO. Deve ter a ver com tensão nos músculos próximos do EIXO DO MAL ou, sei lá, NERVOS. Some isto ao fato de ficar o dia inteiro em frente ao monitor e o que temos à noite é uma sensação de palito de dente quebrado em três.

Tenho vontade que um mecânico desmonte a minha cabeça e EMBEBA meus ossos num óleo deliciante, para evitar qualquer fricção. Depois uma enfermeira com cara de senhora - jovem poderia gerar muito entusiasmo - aparece para me dar uma mamadeira de morfina.

Devo alertar, no entanto, que não farei qualquer cirurgia. Ainda consigo destrinchar uma costela usando os dentes. Este é o parâmetro perfeito de até aonde posso seguir.

Wednesday, February 13, 2008

Campo minado

Tomar conta da casa enquanto os pais estão de férias é uma experiência de valor incalculável. Alimentar os cães, ficar à espreita durante a noite e, especialmente, usar táticas de guerrilha para cozinhar. Enquanto o bife explode na frigideira, corro e esfaqueio uma cebola, para logo detonar a contagem regressiva do microondas. Tudo isto em meio a uma nuvem de fumaça, que me faz andar às cegas. Uma emoção sem fim.

Thursday, February 07, 2008

Mensagem na garrafa

Aproveito o começo oficial do ano para dizer que não, este blog não será assassinado, apenas sofreu um abandono casual devido à intensa correria das últimas semanas, com projetos andando no trabalho e bastante tempo dispensado ao Impedimento. No entanto, espero conseguir atualizá-lo com a freqüência e a decência que todos merecem.

Bem-vindos à realidade pós-alegoria, e fogo no estandarte.

Saturday, December 08, 2007

Just can't get enough

Na última terça-feira fez um ano que o Gabriel morreu. Mas, ao invés de apenas tristeza e boas lembranças, ocorreu um evento que o próprio Gabriel teria gostado muito de participar, pois o lançamento do livro com textos dele e sobre ele estava cheio de amigos, teve música e leitura de trechos da obra. A edição ficou uma lindeza, muito bonita mesmo.

Como a edição se limita a 500 exemplares, nem todos poderão ter uma cópia, mas dá para baixar aqui. Gostaria de dar um parabéns gigante a todos que se envolveram no projeto, Träsel, Firpo, Vanessa, Carol B. e Walter, o pessoal da Letraria, que caprichou como nunca no design, e um abraço grande nos pais do Gabriel, Mariza e Valério. Se esqueço de alguém, peço desculpas.

Ontem cheguei tarde em casa, por volta das quatro e meia, e continuei a errante leitura que tenho feito do livro. Pulo páginas, olho fotos, paro em textos ocasionais. Comecei a lembrar de coisas muito divertidas. Como uma vez, que o Antenor cita no seu relato, numa festa de formatura no Garagem. Já era bem tarde, poucas pessoas estava dançando e nós queríamos urgentemente ir arruinar o baile oficial. Gabriel estava colocando som no Garagem, mas insistimos para que fosse com a gente. Assim, do nada, ele desligou os equipamentos de som e deixou umas pessoas perdidas na pista. Mas não foi uma operação sutil, de esparar acabar a música ou abaixar o volume gradualmente como as rádios fazem quando o tempo estoura. Não. Ele fez isto NO MEIO DE UMA MÚSICA e, em cinco minutos, já estávamos dentro do carro. Foi muito engraçado, assim como a nossa chegada no baile. Por algum motivo que desconheço, lembro que a minha camisa branca estava EMBARRADA.

Gabriel ainda é uma pessoa muito presente em nossas vidas. Sua morte trouxe uma ponta de tristeza que permanece e talvez nunca se acabe. Para mim, o que aconteceu interrompeu uma rotina na turma de amigos. Tenho muito a impressão de que as pessoas pensaram bastante no que aconteceu, e que isto modificou a vida de todos de alguma forma. Eu não era íntimo do Gabriel, mas passávamos boa parte do tempo juntos, com amigos, em festas ou bares. Hoje encaro todas as pessoas do meu círculo de convivência como amigas. Pode ser apenas reflexo de uma das maiores qualidade que percebia no Gabriel, a ausência de maldade. É um clichê, mas como não dizer que ficamos mais unidos depois disto? Até hoje, quando estou conversando com amigos e o Gabriel surge na conversa, fora raros os momentos soturnos . Apesar daquela ponta de tristeza, geralmente lembramos de uma coisa engraçada e rimos.

Para não acabar o texto com mágoa ou aflição, quero contar algo que certamente deixaria o Gabriel em chamas. Na quinta-feira à noite eu estava vagabundeando em casa e comecei a ouvir uns barulhos bizarros na rua. Meu pai e minha mãe foram para a sacada do quarto deles, que fica na esquina da rua. Como as portas do APOSENTO MARITAL estavam abertas, os segui. O meu vizinho, que mora na outra esquina, estava arrastando um SOFÁ pelo pátio. Mas não uma poltrona, um sofá destes grandes. Por algum motivo, ele achou que a noite de quinta-feira pedia que ele erguesse o sofá acima do muro e jogasse no meio da rua, junto com algumas almofadas. Assim ele fez, com raiva provavelmente ORIUNDA do trago. E lá ficou o sofá, emborcado numa rua qualquer de Cachoeirinha, esperando com diligência a chegada de um carroceiro com cara de mexicano. Como diria o Gabriel, como dizemos todos: NENHUM SENTIDO.

Saturday, December 01, 2007

Pêndulo

A ironia das coisas é algo assustador. No mesmo momento em que se está plenamente motivado por um próspero projeto de trabalho, algo novo e com gente muito competente e legal, o contraponto negro em outro aspecto da tua vida deixa transparecer todo o sarcasmo com que o mundo às vezes se desenrola. É como se tu estivesse construindo a tua própria casa e, enquanto assenta os tijolos numa parede, o vento assola tudo, levanta as telhas, derruba a parede do outro lado. Tu tem uma parede forte e bonita e segura, mas a casa caiu por terra.

Tuesday, November 20, 2007

Avalanche

Well I stepped into an avalanche,
it covered up my soul;
when I am not this hunchback that you see,
I sleep beneath the golden hill.
You who wish to conquer pain,
you must learn, learn to serve me well.

You strike my side by accident
as you go down for your gold.
The cripple here that you clothe and feed
is neither starved nor cold;
he does not ask for your company,
not at the centre, the centre of the world.

When I am on a pedestal,
you did not raise me there.
Your laws do not compel me
to kneel grotesque and bare.
I myself am the pedestal
for this ugly hump at which you stare.

You who wish to conquer pain,
you must learn what makes me kind;
the crumbs of love that you offer me,
they're the crumbs I've left behind.
Your pain is no credential here,
it's just the shadow, shadow of my wound.

I have begun to long for you,
I who have no greed;
I have begun to ask for you,
I who have no need.
You say you've gone away from me,
but I can feel you when you breathe.

Do not dress in those rags for me,
I know you are not poor;
you don't love me quite so fiercely now
when you know that you are not sure,
it is your turn, beloved,
it is your flesh that I wear.

[Leonard Cohen, Songs of Love and Hate]


Às vezes é melhor deixar os outros escreverem por ti.

Sunday, November 18, 2007

Exploração do trabalho felino

Ontem estava sentado num bar da República quando de repente chega um guri pedindo dinheiro:

- Consegue um dinheiro para nós fazê um lanche?

O "nós" se referia - além dele, é claro - a um GATO que carregava no colo.

Disse que não, mas perguntei de onde ele havia tirado o bicho.

- Achei na Redenção. Daqui a pouco levo ele de volta. Só trouxe para pegar uma comidinha pra mim e pra ele.

Não deve ter se esforçado muito, já que há mais ou menos uns 1.300 gatos vivendo no meio das árevores e das pessoas tomando chimarrão. E se foram, o guri e o gato, que estava apavorado, mas não fazia menção de descer do colo e até lhe cravava as garras na camiseta. Causavam sensação entre as mocinhas exibidas e vi que pegavam umas moedas. A estratégia de expor o gato às agruras da vida da Cidade Baixa deve ter sido bem-sucedida. Logo voltaram, o guri bem tranqüilo e o gato cada vez mais abraçado nele. Devem ter dividido um cheese bacon.

Saturday, October 27, 2007

Terra do progresso

Vinha bem feliz dirigindo pela Flores da Cunha quando percebo que, céus, abriu uma CASA DE SUSHI em Cachoeirinha.

Fiquei imaginando cascudos apanhados a socos no Rio Gravataí.

Friday, September 28, 2007

Pequenas empresas

Na frente da minha casa o que era um bar transformou-se em uma igreja Universal. Certa noite dessas estava caminhando e ecutei uma gritaria vindo de lá. "Está fervendo", pensei. Quando passei pela porta os bancos estavam vazios. Atrás do altar - na verdade, uma mesa como essas grandes de churrasco coberta com uma toalha - havia um gordinho ajoelhado, urrando como se não houvesse amanhã, balançando para frente e para três, de perfil para a porta. Só vi a cabeça dele, o que deu à cena uma roupagem ainda mais irreal. No outro dia, passei de novo em frente e novamente a cabeça do gordinho fazia sua dança frenética, mas me surpreendi com uma mulher ajoelhada num banco, ajoelhada de costas para o altar, e com dois guris sentados no chão jogando bolitas. É assim que começa.

Thursday, September 20, 2007

Éter físico

A técnica de redação jornalística para o Correspondente da Rádio Guaíba AM 720, que coloca o nome da cidade antes da notícia, às vezes gera coisas de transtornar o cidadão, como esta nota abaixo, lida num dia qualquer desta semana:

"Alegria - Um homem matou os sogros, incendiou a sua casa e depois cometeu suicídio."

Cada vez mais a realidade compete com a ficção.

Friday, September 14, 2007

Reacionário

Quando vi a passeata dos carteiros grevistas, agora há pouco, na Siqueira Campos, me deu uma vontade absurda de vir caminhando do lado oposto, empunhando uma faixa com a inscrição "Só uso e-mail".

Friday, September 07, 2007

Um entre muitos tiros

Os gregos também eram gente boa. Quando evacuavam um lugar, levavam os todos muares que podiam. Os que sobravam os gregos simplesmente quebravam as pernas deles e os jogavam n'água. Todos aqueles muares com as pernas quebradas jogados na água rasa. Era uma atividade muito agradável. Acreditem, uma atividade muito agradável.

Hemingway, o galo véio, fazendo literatura a pedradas em No Cais de Izmir, que faz parte do Volume 1 de seus contos. Sempre tinham me indicado muito os três volumes, mas apenas agora peguei para ler.

Saturday, September 01, 2007

Visita

Começou com uma vontade absurda de ligar para a minha casa. Simplesmente saía do apartamento, vencia dois lances de escada, lançava-me porta à fora e chegava ao telefone público. Aparelho em punho, discava o meu próprio número e ficava esperando, esperando para que eu atendesse, durante horas repetindo isso. Já não atendia quando o telefone de casa tocava: tinha certeza de que se olhasse pela janela eu estaria lá fora, fumando e aguardando, auscultador grudado ao ouvido. Semanas depois, passei a escrever cartas para mim contando notícias, boas ou ruins, dizendo que eu estava bem, que não era para eu me preocupar, que afinal a vida é assim e tudo deveria se acalmar. Então eu respondia agradecendo aos conselhos e dizendo para eu não demorar tanto para escrever porque, afinal, este mundo é tão perigoso, nunca sabemos o que vai acontecer amanhã. Recebia as cartas emocionado e preparava um café para só então abri-las cheio de ansiedade, e lia duas, três vezes seguidas, respondendo sem me tardar. Não satisfeito com esses frívolos meios de comunicação, achei melhor me fazer uma visita. Fiz a barba, coloquei meu terno mais novo e um chapéu-coco, e saí de casa, dobrei na primeira rua à esquerda, depois esquerda, e esquerda novamente. Lá estava eu subindo as escadas para me fazer uma visita, pensando como iria me apresentar, de que maneira fazer a conversa se desenvolver, perguntaria como vai a vida, diria que precisamos sair para tomar um café, eu conhecia ótimos cafés e poderia me levar a um lugar bem agradável. Estava agitado, parado à porta do meu apartamento, será que eu tinha mudado muito, por cartas e telefonemas era impossível saber, mas daqui alguns instantes eu estaria ali, na minha frente. Suando, ajeitando o nó da gravata, olhos esbugalhados, apertei a campainha, mas, tão logo meu dedo indicador apertou o botão e meu vulto já se levantava do sofá, saí correndo atabalhoadamente, tropeçando nos degraus e jogando-me na calçada. Sei lá, às vezes é melhor não ter muita intimidade.

Tuesday, August 28, 2007

Adeus para sempre

Vou fazer um QUADRO e pendurar na LAREIRA para ficar olhando enquanto escuto este disco absurdo de bom.

VOCÊ FOI MÓ RÁTÁ COMIGÔ.

Saturday, August 25, 2007

Noturno I

Mãe dizia:
- Vampiro anda de noite.
E de noite ninguém saía.
- Vampiro ataca mulher no escuro.
A moça não era de inventos e retrucava:
- Mas ele não anda no mato,
ali só anda mosquito e filho de lacrau.

Uma manhã ela tomou café e arrotou morcegos na janela.

Thursday, August 23, 2007

Efeito colateral

Perturbados desde que contracenaram com Uma Thurman e Scarlett Johansson, John Travolta e Bill Murray estão sendo consumidos pelos demônios.

O Sr. Adrenalina no Coração afirmou que dentro dele "existe uma prostituta", para dar o tom da intensidade de sua interpretação como mulher no filme "Hairspray - Em Busca da Fama". Não aprovei o papel, pelos motivos expostos na inominável foto abaixo.


Já Bill Murray dá mostras de que tão cedo não vai se recuperar de ter IMOLADO a Scarlett Johansson em Lost in Translation. Ele foi pego pela polícia sueca em estado de embriaguez enquanto dirigia um CARRINHO DE GOLFE pelas ruas de Estocolmo.

Tuesday, August 21, 2007

That's entertainment!


Depois de um breve e angustiado NAMORO, finalmente comprei esta caixa do Scorsese. Além de The Last Waltz, que não vi e já vale pelo ineditismo, tem Raging Bull, um dos maiores filmes já feitos, e New York, New York, que poucas pessoas gostam, mas eu acho muito massa.

Friday, August 17, 2007

Comoção

A forma que encontrei de me sentir um pouco menos constrangido ao comprar um cachorro de pelúcia foi apanhar o bicho e anunciar às duas balconistas: "despeçam-se deste cão porque eu vou levá-lo". Ao que parece, o pequeno cusco inanimado era realmente querido no ambiente, pois as gurias largam um "ohhh..." uníssono. Não satisfeitas, ainda chamaram um outra colega, que estava no horário do lanche: "Criiis, vem se despedir do teu cachorrinho porque ele está indo embora". A guria colocou a cabeça pra fora do cubículo onde estava, soltou um breve sorriso sincero e tornou a fechar a porta. Eu paguei e saí, surpreso com a disposição da humanidade em se entregar a armadilhas lúdicas.

Sim, é a primeira vez que compro algo do tipo.

Não, não responderei mais perguntas.

Jornalismo notívago

Café Dalles

O café Dalles, na Neue Schönhauser Strasse, nº 13, chamava-se antigamente Engelspalast [Palácio dos Anjos]. Outros tempos. Foi durante uma época restaurante público, e imagino que esta fosse sua finalidade original. Palácio de anjos não são construídos de antemão com tal propósito: com longas cavidades cujos extremos, como a margem de um lago extenso, se perde na névoa de fumo; e com uma segunda entrada à esquerda, que um dia talvez tenha sido uma chambre separée para anjos fora do expediente e onde hoje há uma mesa de roleta e jogos de roleta pregados nas paredes, cabines com vidraça, com o colorido pano de fundo de postais ilustrados, inofensivas como brinquedos para a juventude pubescente.

Kirsch, o gatuno, Tegler Willy e Apache Fritz estão sentados à mesa, e do outro lado está o policial de vigia. No fundo do corredor em forma de poço, Elli está sentada no colo de alguém, pois está de meias novas. Se uma pessoa tem meias novas, como não mostrá-las? Os pequeninos caracóis louros estão penteados na direção do rosto. Lá oscilam algo rijos, como rufos engomados. Imagino que o único desejo dela seja meia garrafa de kümmel. Que seja feita sua vontade, saúde! Meu amigo paga-lhe um pão com manteiga. Suponho que ela já não tenha desejos. Meias novas, kümmel e pão com manteiga. É realmente um palácio dos anjos.

Trecho do impagável texto Noites em inferninhos (melhor título), que consta no livro Berlim, de Joseph Roth (1894-1939), jornalista e romancista que ficava perambulando pela metrópole alemã e captando toda sua insana atmosfera do início do século XX. Sua perspectiva do desempenho jornalístico muito me agrada, comprometido que se mostra com as mínimas coisas da rotina urbana, muitas vezes mais significativas que os acontecimentos grandiosos. Li apenas um terço do livro, mas já valeu muito.

Monday, August 13, 2007

Quase manchete

Domingo à noite, por volta das 23 horas, estava eu dirigindo pela Osvaldo Aranha, quase deserta. Perto da Redenção, três pessoas iniciam os movimentos indicativos de que pretendem atravessar a avenida. Eu venho a 60 por hora, a uma distância segura, mais de 100 metros. As duas primeiras pessoas atravessam a rua, mas uma terceira resolve parar. Eu reduzo a velocidade, mas continuo me aproximando. O cara movimenta-se como se fosse voltra e eu desvio o carro para a pista da esquerda. Mas o desgraçado volta e se lança para a frente, começando a gingar na frente da massa de metal. Apavorado, não sei o que fazer. Foi tudo muito rápido, não dava tempo de parar. Tenho medo de escolher o lado errado - o mesmo que o palhaço - e acontecer o pior. Quando o carro chega bastante perto, o cara salta fora. O pavor extremo me dá uma pontada na cabeça.

De todas as situações que já enfrentei envolvendo trânsito e carros, esta talvez tenha sido a mais traumática. Mais do que quando uma moto se jogou na minha porta a 80 por hora, acho que pior do que quando um drogado do inferno me enfiou um 38 na cara numa distância que me permitia enxergar as balas no tambor. Porque o abobado se colocou na frente do carro, gingando, pedindo para ser esmagado, mesmo contra a vontade do condutor. Mais do que acabar com sua própria vida de merda, é possível que ele conseguisse avacalhar com a minha. Nunca conheci ninguém que acreditasse na inocência de um motorista homicida, muito menos creio que seria possível não ter a vida profundamente perturbada por isso.

Infelizmente, o engraçadinho me pegou com a companhia certa, porque tão logo fiz menção de parar o carro e forçar um retorno, me lembrei de quem estava ao meu lado. Tivesse sozinho ou acompanhado de outro BAGACEIRO, caro suicida filho de uma puta, teria voltado e te agarrado pela cabeça, batendo tua cara e teus dentes no asfalto até tu aprender que, sim, o absurdo é infalível e sempre nos surpreende, mas às vezes ele pode ser um pouco menos engraçadinho. E pra tu aprender que da próxima seria melhor brincar de pendurar uma corda no teto, colocar o teu pescoço no laço e dançar sobre uma mesa, porque eu não me importo nem um pouco com o lixo de pessoa que tu é e menos ainda com a pocaria da tua vida, mas apenas não quero ser o avalista do teu desfecho patético e muito menos quero ter minha vida estragada por uma flash mob de uma bicha histérica numa noite qualquer de uma porra de ano qualquer. Desgraçado.

Friday, August 10, 2007

Bad trip

Old Bull, longe das enchentes e tempestades com suas agulhas e seus pós ao lado da cama e algodões e seringas e toda a parfernália - "Quando você tem morfina, você não precisa de mais nada, meu caro", ele me diz durante o dia, todo penteado e doidão, sentado em sua poltrona com alguns papéis, o retrato do contentamento saudável - "Eua a chamo de Madame Papoula. Quando você tem ópio, você tem tudo o que precisa. - Todo aquele O delicioso corre por suas veias e você tem vontade de cantar Aleluia!" E ele ri. "Se eu tiver que escolher entre a Grace Kelly e a morfina, fico com a morfina."

"A Ava Gardner também?"

"A Ava Gvavna e todas as outras gostosas em todos os países até agora - se puder ter minha M da manhã e minha M da tarde e minha M da noite antes de ir para a cama, não preciso nem saber que horas são no relófio da prefeitura..."

Jack Kerouac escravizado pela droga no México, apaixonado por uma prostitura viciada em tudo, no seu livrinho Tristessa. Na realidade, o nome da moça que o escritor conheceu em 1955 era Esperanza.

Tem bons momentos, mas em geral é muito chato. Em algum lugar entre o Budismo e a morfina, Sr. Kerouac se perdeu, e tudo que se poderia chamar de fluxo de consciência virou um desfile de relatos pueris e bobos sobre drogados e experiências místicas. Mau livro.

Wednesday, August 08, 2007

Um até logo

Aos amigos Egs e Xanda, que amanhã partem para sua sensacional jornada na Austrália. Saber que estão felizes e que será divertido compensa a falta que farão por estas bandas. A cada ida ao Beira-Rio, tomarei uma Heinecken, apontando o brinde para onde imaginar na hora que fique a Austrália. Sei que lá longe Egs corresponderá ao gesto tentando colocar uma bandana num canguru desavisado. Suerte, gurizas.

As notícias da viagem já estão sendo contadas aqui.

Monday, August 06, 2007

Pica-pau > Marlon Brando



Já que o Nego postou o episódio decisivo do maior artista do século XX, não me resta outra alternativa que não oferecer mais uma célebre performance. Maior ídolo da minha infância, bem distante do segundo colocado - qualquer cara que montasse num cavalo e estivesse participando de um western.

Friday, August 03, 2007

Necrocinofilia

Dias desses, bem cedo pela manhã, um cachorro foi atropelado aqui perto de casa, e seu corpo ficou estirado junto ao meio-fio durante o dia. Era um cão conhecido na vizinhança, ficava dando banda aleatoriamente, e havia outros cães velando o falecido.

No final da tarde, uma senhora andava de bicicleta e parou para trovar com um cara que trabalha como segurança:

- Nunca vi maior manifestação de AMIZADE. Desde quando o cachorro morreu, seus AMIGOS estão lá do lado dele.

Eu ouvia a conversa pela janela e já estava ficando emocionado quando o segurança respondeu, cético e resoluto:

- Senhora, na verdade era uma cadela. Ela estava no cio.

Tuesday, July 31, 2007

Mina de ouro

Não canso de me surpreender positivamente com a Internet. Com ânimo quase infantil, saúdo a descoberta do blog Buarque, que parece ter vindo para dar um fim à superficialidade presunçosa de grande parte de nossa crítica.

Monday, July 30, 2007

Fade out



Tão logo soube da morte de Ingmar Bergman, a primeira coisa que me veio à cabeça não foi Max Von Sydow jogando xadrez com a morte, mas sim esta seqüência magistral de Morangos Silvestres, que apenas momentos depois percebi ser plenamente ajustada à situação.

Friday, July 27, 2007

The heart is a lonely hunter


De chorar esse A love song for Bobby Long. História de gente que um dia se deu bem e depois muito se estrepou e de quem vê sua vida crescer de repente. Tema bem normal, mas contada através de um roteiro honesto ao extremo, com uma sinceridade de esbofetear o cidadão. O personagem de John Travolta comanda tudo. Gordo, manco, bêbado, traumatizado e SÁBIO. "Professor, poeta e trovador", como o próprio se define lá pelas tantas, entre sonzeiras de Jesus e mijadas de sangue.

Thursday, July 19, 2007

Sem saída

Depois da irritação e da revolta, virá o desânimo. Em questão de semanas, teremos conformismo. É sempre assim quando alguma coisa dá errado, mesmo que seja uma tragédia gigantesca. Não canso de me impressionar com a capacidade de adaptação das pessoas, que sempre acabam se acostumando a situações muito adversas, mesmo que isso implique, em última análise, na interferência direta e irresponsável do Governo em suas vidas. Daqui a pouco vou ficar apenas muito triste. Por enquanto, estou dominado pelo ódio contra um episódio que tanta dor está causando a todos, inclusive a um querido amigo e sua família.

Uma análise mais profunda sobre tudo isso, deixo para quem tem mais disposição e perícia para fazer, como o Alexandre Rodrigues, o Träsel e o Walter. Só consigo transmitir pessimismo e descrença geral, como acabou saindo este texto no Impedimento.

Tuesday, July 03, 2007

Caiu a casa

Disparate do medo

Aconselho fortemente uma visita ao Margs para conferir a mostra que reúne as quatro séries completas de gravuras de Goya. São mais de duzentas obras, da coleção da financeira espanhola Caixanova, que são expostas pela segunda vez fora da Espanha. A exposição fica até 5 de agosto, de terça a domingo, das 10h às 19h. As séries são Os caprichos, Desastres de Guerra, Tauromaquia e Proverbios ou Disparates.

Tauromaquia disserta sobre alguns fatos relevantes das touradas. Feitos e mortes célebres da nobre arte são abordados como numa crônica história representada pelo desenho, onde o título de cada gravura remete diretamente ao fato. Espetacular.

Proverbios ou Disparates contém algumas das gravuras mais atordoantes que já presenciei, como a exposta acima. São peças em que os detalhes servem e complementam uma temática que flerta com o absurdo e o horror supremo. Cada expressão e traço sugere sensações extremadas de pavor, angústia ou prazer atormentado. Fui ver no domingo e até agora estou vitimado pelo transtorno profundo. Mas não quero ficar em chamas sozinho. Confiram. Vale muito.

Wednesday, May 16, 2007

Nietzsche = Obdulio Varela



Absolutamente sensacional. Chorei com o aquecimemento do Marx e com a inesperada entrada de Beckenbauer. Roubei lá do blog do mestre Alexandre Rodrigues.

Wednesday, April 25, 2007

Abel vai embora. Fica Abel!


Abelardo chegou em 2006 para sua quarta passagem no clube onde despontou para o futebol em 1988. Foi recebido com grande suspeita pela torcida colorada, inclusive por mim. Os colorados temiam que o excelente time montado pela direção naufragasse junto com a sina de vice-campeão do treinador. Todos sabem que o simpático gordacho carregava um anjo da morte sobre os ombros e que a criatura lhe abandonou apenas em 2006, provavelmente alçando vôo de algum lugar na altitude de Quito. Ou quem sabe recebeu um bico de Rentería na angelical bundinha. A torcida do Inter amava Abel Braga desde 1989 pelo Gre-Nal do Século. E também o odiava pelo Campeonato Brasileiro perdido para o Bahia e pela desclassificação na Libertadores de 89 para o Olímpia.

Sou um grande admirador de Abel Braga. Sempre fui. Excelente pessoa, com fibra e caráter. Sofre pelos clubes que defende e era impossível não sentir compaixão pelos seus fracassos monumentais em edições da Copa do Brasil com Flamengo e Fluminense. Quando anunciaram sua contratação, pensei: "Ai, o Abel. Ele é tão gente boa, mas sempre estraga tudo no final. Lá vamos nós. Mais alguns anos sem títulos importantes".

No entanto, o retorno dele foi dessas coisas inexplicáveis no futebol. Nenhum treinador merecia mais estar junto com o clube nos momentos mais importantes da sua história recente. E agradeço a ele ao menos por isso, por estar junto. Tenho dúvidas sobre a importância dos treinadores em algumas conquistas, mas foi sob o seu comando que o Inter foi campeão da América e do mundo e fez algumas das partidas mais espetaculares a que assisti. Como contra a LDU, no Beira-Rio; contra o São Paulo, no Morumbi; e contra o Barcelona, no Japão.

Abel Braga é um doce lunático. Menos mal que em 2006 seus erros foram perdoados pelas entidades que zelam pela justiça futebolística. Mas em 2007 ele insistiu nos mesmos equívocos e os deuses já haviam dado uma banda para bem longe da Padre Cacique. Deu no que deu.

É impressionante como o convívio diário com o futebol acaba cegando as pessoas. Na Zero Hora saiu a informação de que Abel teria se arrependido ter renovado seu contrato antes mesmo do Mundial. Poderia ter saído por cima, no ponto máximo que um técnico consegue chegar em um clube. É isso mesmo, Abel. Tu rateou feio. Assim como Clemer, que já deveria ter largado e nos deixado com a última impressão de suas fabulosas defesas contra o Barcelona.

De alguma forma - não sei exatamente por que - sempre serei grato a Abel Braga. Talvez por tê-lo visto jogando-se de pança sobre Clemer após a classificação contra a Liga de Quito. Talvez por nos proporcionar fotos como a que ilustra o post. De repente, por uma empatia que se manifestou em algo como: "nós vivemos juntos o inferno desde 1989 e agora tudo ficou tão doce". Sei lá. No fundo, tenho vontade de tomar um trago com ele, FALAR DA VIDA, coisas assim.

Vá pela sombra, Abel. Tu é louco, mas é gente boa.

***
O texto foi originalmente publicado no Impedimento, mas, por significar o fim de uma ERA no Inter, achei correto colocar por aqui também.

Friday, April 20, 2007

Nem Jesus conseguiu agradar a todos

Apóio a pessoa que chegou aqui através da busca pelo filme O grande búfalo branco, um dos melhores faroestes a que já assisti - talvez por ser um dos primeiros, visto ainda na infância.

Mas lamento ter decepcionado quem parou neste blog tentando encontrar vídeos de sacanagem com o patrão.

Wednesday, April 18, 2007

Da arte de ser um prognata

Cerca de três anos atrás, comecei a sentir certo desconforto na articulação da mandíbula. Logo depois, vieram os ESTALOS involuntários quando fazia determinados movimentos, como abrir a boca. Eram pontuais. Precavido, procurei um dentista acostumado a atender a família. É um velhote alemão, que, apesar de lembrar o Doutor Caligari, sempre mostrou-se simpático. Desde o início, me deixou claro que não era especialista, mas afirmou que havia uma desproporção entre minha mandíbula e o maxilar superior, sendo necessária uma cirurgia que implicaria SERRAR o osso da maxila inferior para um posterior encaixe da articulação. "Além disso, tu vais notar uma melhora estética." Obviamente, duvidei do parecer. "O velho enlouqueceu", pensei. "E ainda por cima tripudia das minhas peculiaridades estéticas."

Depois daquilo, tentei esquecer o assunto. Não procurei mais ninguém. Mas os estalos tornaram-se mais freqüentes e, às vezes, eram seguidos por dores localizadas na cabeça, principalmente na parte de trás, acima da nuca. Alguma dor ocasional na articulação também apareceu. Com algum tempo livre, na semana passada deixei em casa minha negligência relativa a problemas de saúde e fui a uma cirurgiã bucomaxilofacial. Entrei no consultório meio nervoso. A secretária estava assistindo a um desses programas bizarros que passam pela manhã na televisão. No caso, um senhor de meia-idade queria vender um ralo anti-ratos que ele mesmo inventara.

Quando entrei no consultório, tive o impulso de alertar que o batom rosa não combinava com a pele morena da médica, mas fiquei na minha. Muito simpática, ela. Mas não evitou o desconforto de que sempre sou acometido quando alguém enfia seis dedos na minha boa. "Abre e fecha", disse, colocando as duas mãos nas articulações, pouco abaixo das orelhas. "Teu caso necessita de uma cirurgia MACRODÔNTICA", me informou. A intervenção, em termos gerais, é como o Caligari havia me falado e tem como clímax a extração de um pedaço do osso. "É uma operação bem desgastante, tanto para o paciente como para quem faz." Desgastante para quem faz. Imediatamente, imaginei uma pessoa SUANDO de forma tresloucada, debruçada sobre a minha cara, serrando o osso da mandíbula, enquanto eu, anestesiado, sonhava com nenúfares.

"Tu precisa usar aparelho e depois fazer a cirurgia. Terás que ficar quinze dias com a boca fechada e a recuperação total demora cerca de seis meses." Além disso, me falou que é a única saída e que medicamentos seriam apenas paliativos. Alertou-me também sobre a necessidade de fazer uma placa ortodôntica para usar durante o sono, momentos em que mais tensionamos os músculos. Receitou relaxantes musculares para quando eu ficar meio NERVOSO. Saí de lá transtornado. Pensava que o Caligari estava equivocado, que seus métodos eram medievais - ou expressionistas - e que a única coisa que importava para ele era pensar na aposentadoria. Aproveito para pedir desulpas.

Pretendendo obter a avaliação CABAL, fui ao Hospital Santa Casa, onde os profissionais da área são extremamente qualificados, segundo a médica me disse. E o atendimento também é uma ternura. No consultório, vi um molde de mandíbula com o osso rachado, ligado por uma placa de metal e quatro parafusos pequenos. Percebi estar no lugar certo. O médico perguntou o motivo de minha presença. Desconforto. Estalos. Preocupação. Disse as mesmas coisas de outras oportunidades.

"Abre e fecha". Abri e fechei. "Tua mandíbula é muito grande. MUITO grande. Tua compleição facial é ANORMAL. Não anormal assim, de DEFICIÊNCIA, mas é bem PECULIAR." Tecnicamente, sou um prognata - ou prógnato -, aquele que tem as mandíbulas proeminentes. "Se tu viver até os 80 anos [otimista, ele] e não fizer a cirurgia, terás que conviver com a dor. Pode ser muita dor ou pouca dor, isso não podemos dizer ainda." Explicou-me que isso não é tão incomum como pode parecer, que pelo menos uma cirurgia dessas é realizada por semana. Afirmou também que os medicamentos não são suficientes, que a minha mordida é "cruzada" e, a exemplo do sábio Caligari, disse que terei uma melhora estética. "Não que as mulheres não te achem bonito."

Papo vai, papo vem, mordida cruzada, mandíbula serrada, exigiu: "coloca a língua para fora". Estendi o TENTÁCULO. "Barbaridade, mas o que tu tens aí é uma ARMA SEXUAL." Não consegui não gargalhar, sentindo um ORGULHO especial. O médico, provavelmente invejando minha posição de fonte inesgotável de prazer, advertiu, sério: "o problema é que a musculatura da língua tem muita força, causa muita pressão. Se tua mandíbula for recuada, a língua pode forçar os dentes. Pode ser necessário proceder com uma correção plástica". Desconfiado, exigi explicações, que diabos seria "correção plástica". "Cortar um pedaço", resumiu. Eu já sabia o que era. Evitei me manifestar, mas discordei, embora sempre tenha achado estranho o fato de conseguir lamber meu prórpio nariz.

Conceitualmente, a cirurgia me incomoda. Não é agradável pensar que teu rosto será desfigurado para ajustar uma estrutura grande como a mandíbula. Também tenho sérias restrições sobre as "mudanças estéticas". Convivo com a mesma mulher há quase oito anos e ela não parece muito insatisfeita. Até hoje, nenhuma outra representante do sexo oposto me disse: "se tu fosse menos QUEIXUDO, seria mais GATINHO". E, além de um tratamento de aproximadamente três anos e uma cirurgia grotesca, ainda insinuam a intenção de cortar minha língua e diminuir o potencial da minha versatilidade como AMANTE.

Saí da Santa Casa um tanto apreensivo. Me lembrei de Johnny vai à guerra. Mas minha preocupação primeira continua sendo conseguir dinheiro para alugar um apartamento e garantir o chopp de cada dia. Com ou sem dor.

Monday, April 09, 2007

Just remember



Maior interpretação da HISTÓRIA DE TODA A ARTE. Melhor filme, também.

R$ 12, 90 nas Americanas = deleite supremo.

Wednesday, March 28, 2007

Ferrari sem pintura

Antenor e eu estávamos falando sobre o conhecido e premiado texto de Gay Talese sobre sua não-entrevista com Frank Sinatra. "Frank Sinatra está gripado", assim começa. Resolvemos aproximar para nosso mundo brasileiro e elaboramos algumas frases iniciais, dentre as quais:

"Roberto Carlos dobrou à esquerda"

Monday, March 26, 2007

Demolido pela fábula


Bem, depois de muito querer, finalmente assisti a'O Labirinto do Fauno. Ainda não consigo falar muito sobre o filme, mas posso dizer que é um dos mais violentos que já presenciei. Violento na acepção mais comum do termo, mas também na maneira como não deixa saídas para ninguém. Uma das obras mais belas a que já assisti, também. Se me recuperar, talvez consiga escrever mais. No entanto, é provável que não o faça. Tudo que se diz de bom do filme é verdade. Na real, é mais. Fiquei absolutamente alterado e transtornado.

Friday, March 23, 2007

Marca-texto

O notorious Bruno Galera, sabidamente uma usina de grandes idéias, nos brinda com mais uma. Trata-se do excelente blog Trechos Sublinhados, que traz frases, parágrafos e citações de leituras do prórpio dono do blog. Lerei.

Friday, March 09, 2007

FEXEM ESSE PAIZ



















Quinta-feira, meio da tarde, por acaso não é horário de trabalho?

Absolutamente tudo que leio, vejo ou presencio valida o post abaixo.

Roubado da Nova Corja, melhor blog de política.

Tuesday, March 06, 2007

Tenha dó

O Brasil não é lugar de gente.