Saturday, April 29, 2006

Método - I

De agora em diante só danço samba do jeito baiano, arrastado.

Monday, April 24, 2006

Volante

Para quem gosta de futebol, estou escrevendo uma coluna semanal para o Futebol Total. Toda segunda-feira tem uma nova.

Sunday, April 23, 2006

Acumulado

Sábado à noitinha, quando dei por mim, estava em um Bingo. Tudo bem, dentro de um shopping, mas, ainda assim, um Bingo. Oito reais permitem obter 10 cartelas de 50 centavos ou 5 de 1 real. Além disso, os apostadores têm direito a um buffet de pizzas, para se empanturrarem quando não estão de olhos e ouvidos atentos. Não é uma preciosidade gastronômica, mas fica-se satisfeito se a intenção é apenas forrar-se para continuar a ilusão com os números.

É um lugar absolutamente confortável, com poltronas que um dia eu pretendo ter na minha sala de estar. É permitido beber e fumar, e ninguém te olha com ares condenatórios. O que não pode, por motivos óbvios, é conversar em voz alta. A maioria respeita, apenas umas tias que se passaram na birita perdem o controle. Alguns jovens e seus celulares também importunam, mas por poucos momentos. Aliás, impressionou-me o fato de que muitos freqüentadores eram jovens. Cerca de 30% do público oscilava entre os 25 e os 35 anos.

No entanto, quem comanda mesmo são os mais velhos. São eles que conseguem beber, fumar, comer e acompanhar o sorteio, simultaneamente e sem nunca se perderem. E realmente é engraçado que fique rolando uns clipes da Madonna e de rappers nos aparelhos televisores, no pequeno intervalo entre os sorteios. Depois, recomeça a brincadeira, os painéis flamejando algarismos nas paredes. Algumas dezenas de inserções vocais depois e "linha!". Todos resmungam, inconformados. Números depois, "bingo!", uma pequena tragédia para todos os perdedores, prontamente esquecida quando a nova rodada é anunciada.

Diversas fatias de pizza e mais de três horas depois, retiramo-nos do empório da ilusão, surpreso por quão agradável foi ficar lá, jogando e olhando os outros jogarem. Não, não ganhei nada. Por dois números, deixei de transformar 50 centavos em 150 reais. A Aline chegou mais perto: o grito redentor ficou preso na garganta por apenas uma bolinha desdenhosa.

Thursday, April 20, 2006

Nenhum sentido - capítulo MVIII

Ehud Olmert deu o título ao filme "Uma linda mulher"

O primeiro-ministro israelense em exercício, Ehud Olmert, foi quem sugeriu o título da comédia romântica "Uma Linda Mulher"
("Pretty Woman") ao produtor do filme, informa nesta quinta-feira o jornal "Yediot Aharonot".

Em sua edição on-line, o jornal afirma que Olmert sugeriu o título estrelado por Julia Roberts e Richard Gere a seu amigo, o produtor Arnon Milchan, e ao diretor Gary Marshall, durante uma visita a Holywood, em 1989.

Os três estavam em um estúdio quando ouviram a antiga canção de Roy Orbison intitulada "Pretty Woman".

"De repente, Olmert se virou para Milchan e Marshall e disse: 'Tenho uma idéia. Por que não dar o título de 'Pretty Woman', como a canção'".

Inicialmente, Marshal achou o título "muito comum" e Milchan se mostrou cético, mas "Olmert conseguiu convencê-los de que sua idéia não era tão ruim assim", afirma o "Y-net".

"Apesar do êxito como 'titulador' em Hollywood, Olmert decidiu, no entanto, voltar seus talentos para a vida política israelense", conclui o site.

Qual será a próxima? "Berlusconi sugeriu cores a Salvador Dali"? "Sharon indicou guitarra a John Lennon"? "Lula gravou dueto com Julio Iglesias"? Tá, parei.

Tuesday, April 18, 2006

Milonga

Nada como usar o primeiro blusão no ano. Depois, vem o conhaque.

Bem que a temperatura poderia não passar dos doze graus até outubro.

Thursday, April 13, 2006

Cabeça de cavalo

Tenho consumido minhas madrugadas com a segunda e a terceira temporadas da excelente série The Sopranos. Nunca acompanhei qualquer tipo de seriado e não gosto de nenhum. Esse é exatamente a exceção que faz valer a regra. E acho muito mais agradável ver tudo em apenas uma empreitada do que acompanhar os episódios em um espaço de tempo maior.

Naturalmente, o Chefe Tony Soprano comanda as ações, tentando contornar problemas provenientes dos "negócios" e da sua vida particular, afinal o cara tem duas famílias para administrar. Sensacional o episódio em que o filho caçula passa por dúvidas existenciais após a leitura de O Estrangeiro. O pai, obviamente, lida com a situação com a sensibilidade de um Opala 74.



















James Gandolfini certamente interpreta a si mesmo

Em meio a essa jornada mafiosa, fui surpreendido ontem com a notícia da prisão de Bernardo Provenzano, próximo à cidade de CORLEONE, na Sicília. Ele era o homem mais procurado pela polícia italiana e foi o responsável por transformar a Cosa Nostra em um negócio de colarinho branco, não tão dependente de suas ações mais "tradicionais". Ainda segundo o texto, "mafiosos 'arrependidos' revelaram a investigadores que Provenzano dormia em diferentes casas de campo em toda a Ilha da Sicília e dava ordens por meio de bilhetes".

Torna-se inadiável, portanto, a leitura de Honor thy father, de Gay Talese, que certa vez comprei por três reais apenas por estar sem a capa. Para escrever o livro, Talese passou anos metido entre a Famiglia Bonanno. Depois, descreveu sua ascensão e queda.

Wednesday, April 12, 2006

Solo de 90 minutos

Imperdível a série História Musical Particular, que o Antenor vem publicando em doses regulares. Catarse jovem em distorções infinitas.

Tuesday, April 11, 2006

Infantilizando formigas

Confesso que inspiração eu só conheço de nome. O que eu tenho é excitação pela palavra. Quando uma palavra me excita, eu vou atrás da história dela. Vou nos etimologistas, ando pelo latim, procuro os caminhos dessa palavra. Nessa procura, outras palavras se juntam e pedem um poema. Eu obedeço.

Trecho da pequena entrevista com Manoel de Barros, poeta absolutamente superior e genial. Como qualquer entrevista do Segundo Caderno, não se pode esperar muitas explanações. Quem quiser outra, essa aqui é bem boa.

Difícil destacar algum livro seu, mas ouso indicar Arranjos para assobio, Retrato do artista quando coisa e Livro sobre nada.

Saturday, April 08, 2006

Sarajevo

Mais um ocorrido para a lista interminável e sempre atualizada de pessoas conhecidas que têm experiências com assalto, furto e violência de um modo geral. O Bruno teve seu carro arrombado. Nem ele nem a Júlia têm esperanças de que a situação melhore. O Francisco acha que anda escapando, mas seus argumentos provam exatamente o contrário.

Já sofri furto e já fui assaltado à mão armada, com um 38 no meio da cara, empunhado por um maloqueiro cheirando às mais variadas substâncias químicas. Esses tempos um cara baleado tentou se refugiar dentro da ferragem dos meus pais. Eu nunca durmo sem ouvir uma saraivada de balas numa vila próxima. Acho que nada vai mudar. E também não pretendo sair de onde estou, justamente pelo temor de ser surpreendido por um bando de mascarados tentando roubar minhas ovelhas em algum sítio, no interior.

Thursday, April 06, 2006

Tremura

Lembrei-me de Chico Cobra, um curandeiro que na vila andava sempre com um cabaço cheio de jararacas. Quando Chico Cobra matou um homem na feira, entrou na mata, fez um rancho de palha e cercou-se de surucucus e outros viventes semelhantes. Todas as diligências da polícia para prendê-lo falharam. Nunca ninguém chegou ao rancho do criminoso: à distância de quinhentas braças o que se via eram barrocas com enormes rodilhas de serpentes.

Graciliano Ramos, em Angústia

Que ele é o mestre supremo da literatura brasileira, há muito já me convenci. Agora, a cada novo livro, a distância só vai aumentando.

Tuesday, April 04, 2006

Mais do mesmo

"Em primeiro lugar, obrigada por ter participado da seleção.

O seu perfil profissional não é o que estamos precisando, no momento, para esta vaga específica . Seu currículo está no nosso banco de dados para futuras consultas.

Fique em contato!"

Tudo bem receber negativas de possíveis trabalhos. O problema é que sempre vem a mesma ladainha. A desculpa do perfil profissional, apenas porque já tinham alguém certo para ocupar a vaga, mas foram obrigados a fazer alguma seleção. Parece que estou procurando emprego em bancos, escolas ou empresas de engenharia. Como diabos tem que ser um "perfil de jornalista" para trabalhar em uma assessoria ou veículo de comunicação? Só pra quebrar um pouco a rotina, digam que não querem me contratar porque sou canhoto ou porque conjuguei verbos de forma errada na entrevista ou, sei lá, porque perceberam uma pontinha de ironia na minha cara. Apenas mudem. Ficará mais divertido não ser empregado.