Patrão de todos os continentes
Até o final da década de 1980, eu era um torcedor confiante. Duas vezes vice-campeão brasileiro e uma participação nas semifinais da Libertadores causaram-me um sentimento de "um dia vai dar". Mas os anos foram passando e os fracassos vieram aos borbotões. Como se não bastasse, o rival crescia suas unhas, que se enrolavam e quase não conseguiam segurar os títulos que a agremiação da Azenha conquistava. Ninguém sabe como eu sofri na adolescência com aquele maldito time do Grêmio.
Nesses anos de penúria, sempre tive especial simpatia pelos pequenos torcedores, imaginando a disposição de espírito que eles precisaram ter para manter firme e forte o orgulho colorado. Passei a torcer muito mais pelo time por eles. Eu sabia que seria colorado sempre, não me importava com as flautas, mas não gostava de pensar que o fértil imaginário de um pequeno colorado não tivesse seus momentos de glórias extremas, que precisasse sempre se ocupar a fantasiar coisas menores, conquistas suspeitas e vitórias aleatórias.
Quando passou a maldita onda azul e o Inter voltou a crescer em vários aspectos - futebol, patrimônio, etc - meu desespero só aumentou. Meu principal medo era que o Inter novamente tivesse montado um bom time para não ganhar nada. Depois do Brasileiro de 2005, fui acometido de um sentimento de pânico. Quando o Inter chegou à final da Copa Libertadores, eu ingressei em tal estado de alucinação que nada mais tinha relevãncia.
Agora, fui agraciado com a maior conquista do mundo do futebol, que nem aquele demônio do Felipão conseguiu trazer para o Grêmio, e justamente em cima daquele bobalhão do Ronaldinho e das montanhas de dinheiro do Barcelona, a partir de agora tratado como "o mais ilustre filho dos colorados". Meu medo acabou.
Quando da conquista da Libertadores, um dirigente colorado afirmou com brilhantismo que "não foi um título, mas sim a libertação de um povo". A pressão que os colorados carregavam era grande demais, e talvez por isso a festa tenha sido tão angustiada e nervosa. Agora foi diferente, não havia tanto temor acumulado. Ontem, o Beira-Rio estava leve, fervoroso, alegre, para receber a menina dos olhos da história colorada. E posso garantir que nenhuma outra torcida brasileira mereceu tanto viver tal momento.
Nesses anos de penúria, sempre tive especial simpatia pelos pequenos torcedores, imaginando a disposição de espírito que eles precisaram ter para manter firme e forte o orgulho colorado. Passei a torcer muito mais pelo time por eles. Eu sabia que seria colorado sempre, não me importava com as flautas, mas não gostava de pensar que o fértil imaginário de um pequeno colorado não tivesse seus momentos de glórias extremas, que precisasse sempre se ocupar a fantasiar coisas menores, conquistas suspeitas e vitórias aleatórias.
Quando passou a maldita onda azul e o Inter voltou a crescer em vários aspectos - futebol, patrimônio, etc - meu desespero só aumentou. Meu principal medo era que o Inter novamente tivesse montado um bom time para não ganhar nada. Depois do Brasileiro de 2005, fui acometido de um sentimento de pânico. Quando o Inter chegou à final da Copa Libertadores, eu ingressei em tal estado de alucinação que nada mais tinha relevãncia.
Agora, fui agraciado com a maior conquista do mundo do futebol, que nem aquele demônio do Felipão conseguiu trazer para o Grêmio, e justamente em cima daquele bobalhão do Ronaldinho e das montanhas de dinheiro do Barcelona, a partir de agora tratado como "o mais ilustre filho dos colorados". Meu medo acabou.
Quando da conquista da Libertadores, um dirigente colorado afirmou com brilhantismo que "não foi um título, mas sim a libertação de um povo". A pressão que os colorados carregavam era grande demais, e talvez por isso a festa tenha sido tão angustiada e nervosa. Agora foi diferente, não havia tanto temor acumulado. Ontem, o Beira-Rio estava leve, fervoroso, alegre, para receber a menina dos olhos da história colorada. E posso garantir que nenhuma outra torcida brasileira mereceu tanto viver tal momento.
1 Comments:
Sensacional o texto. Muito bom mesmo.
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