Thursday, August 25, 2005

Senhor Playboy

A fonte inicial de sua fortuna, evidentemente, era a revista Playboy, iniciada em 1953, com 600 dólares que tomou emprestados, dando como garantia os móveis do casamento. O sucesso da revista assinalou o fim de seu casamento e o início de um namoro permanente com as fotografias de nus e as modelos que posavam para elas. As mulheres de Playboy eram as mulheres de Hefner. Depois das sessões fotográficas, ele as elogiava, comprava-lhes presentes caros e levava muitas para a cama. Mesmo depois de deixarem de posar para a Playboy e assentarem com outros homens, para criar suas famílias, Hefner continuava a considerá-las suas mulheres; iria sempre possuí-las nos volumes encadernados de sua revista.

Em 1960, Hefner abriu o primeiro Playboy Club, em Chicago, introduzindo em sua vida numerosas Bunnies de todas as partes do país, algumas das quais iam morar em dormitórios na sua mansão de 48 cômodos, perto do lago, na exclusiva Gold Coast da cidade. Ao ver a mansão pela primeira vez, Hefner lembrou-se de algumas das casas imensas que vira em filmes de mistério, do tipo com túneis ocultos e portas secretas. Depois de comprar a propriedade e descobrir que carecia de tais características, Hefner mandou fazer os seus corredores secretos, assim como paredes e estantes que se deslocavam ao apertar um botão. Também instalou no interior da vasta mansão um estúdio de cinema e uma máquina de fazer pipoca, um salão de boliche e banho a vapor, além de uma piscina grande no porão, apesar de não saber nadar. A piscina era parcialmente cercada de vidro e freqüentemente oferecia, no bar de Hefner abaixo da água, uma visão deslumbrante de Bunnies nadando inteiramente nuas.

[Gay Talese, A mulher do próximo, Record, 1980]

Gay Talese descreve os hábitos daquele que foi responsável por vender ilusões aos homens e chocar a sociedade norte-americana com seu hedonismo escrachado. Quando criança, Hugh Hefner foi considerado um gênio com sinais de imaturidade, caracteísticas que manteve ao longo de toda a sua vida, tanto como administrador quanto desfrutando de seu patrimônio e fortuna. Mestre, sem dúvida.

Melhor representante do chamado New Journalism, Talese vicia. Impossível não querer mais e mais do seu texto depois de travado um primeiro contato.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Eu queria ser Hugh Hefner. Todo mundo queria. Mas não. Eu tenho apenas um H no nome, oh vida.

Hermano

11:24 AM  
Anonymous Anonymous said...

Estou na metade do livro. Assim como "Fama e Anonimato", me obrigo a ler mais devagar do que eu gostaria. Só pra poder fruir.

3:38 PM  

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