Thursday, December 08, 2005

A cartilha de Svensson

12 de maio de 1971 é uma data histórica para stockholamre, de profunda significação democrática. Técnicos em urbanização tentaram executar naquele dia uma decisão tomada após meses de planejamento: serrar quatro olmos centenários do Kungsträdgarden (Jardim do Rei) para construir uma estação de metrô. Mal chegaram os operários encarregados do trabalho na praça, alguns freqüentadores impediram o "ato criminoso" e reuniram imediatamente, através de contatos telefônicos, uma pequena multidão. A polícia tentou intervir, inutilmente. Os estocolmenses permaneceram alguns dias em vigília cívica, fizeram fogueiras e compuseram canções. A terminal de metrô foi esquecida, árvore alguma foi derrubada. A partir do incidente foi elaborada uma peça teatral, gravou-se um long play e um jornal foi criado, Almbladet, A Folha do Olmo. Os contestatários insurgiam-se contra os "abusos da tirania". Algumas frases de Almbladet:

"A luta pelos olmos é também uma luta por uma democracia mais autêntica."

"Serrar os olmos teria sido democrático? A salvação dos olmos foi uma vitória da democracia."

[Janer Cristaldo, Paraíso Sexual Democrata. "Batalha no Jardim do Rei". Rio de Janeiro, Companhia Editora Americana, 1973]

Janer Cristaldo mostra como os suecos médios expunham sua civilidade na década de 1970. Um Estado de, digamos, ditadura hippie, onde o sexo era ensinado para crianças de 7 anos, com a advertência não era exatamente indicado que houvesse envolvimento emocional. Ao longo do livro, Cristaldo desmonta com deleite o mito da Suécia paradisíaca.

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