Professor Gaivota
'Servimos vinho em nossas leituras, e é só por isso que ele comparece. Às vezes insiste em ler poemas bobos de sua autoria, e é irritante. Em nossa Noite de Poesia Religiosa, pediu licença para recitar um poema que escrevera, intitulado 'Minha Religião'. Eu lhe disse para ir em frente, e ele recitou o seguinte:
'No inverno sou budista,
E no verão sou nudista.'
'E em nossa Noite de Poesia da Natureza ele implorou para declamar uns versos de seu poema 'A gaivota'. Dei-lhe permissão, e ele saltou da cadeira e começou a sacudir os braços, a pular e a gritar : 'Scriic! Scriic! Scriic!'. Foi desconcertante. Somos poetas e não aprovamos esse tipo de comportamento.'
[Francis Lambert McCruden, presidente do Círculo de Poesia Raven, na década de 1940, em Nova York, reclamando das declamações do mendigo literato Joe Gould, no livro O Segredo de Joe Gould, de Joseph Mitchel]
O segredo de Joe Gould é considerada uma das melhores reportagens do século XX e uma das obras-primas de Mitchel, junto com O professor Gaivota, perfil sobre o mesmo personagem. O livro virou filme em Crônica de uma certa Nova York.
Gould era um velho yanque que, após travar contato com Mitchel, nunca mais deixou de atordoá-lo, indo todos os dias à redação da The New Yorker para falar durante três horas seguidas, durante uns cinco anos. Mitchel acompanhou o velhote por quase duas décadas e só publicou a história em 1964, sete anos após a morte dele.
Gould comportava-se de maneira quixotesca pelas ruas do Greenwich Village, bairro boêmio de Nova York. Entrava em bares e pedia um ovo frito para esvaziar em cima dele todos os potes de catchup que haviam a seu alcance. Dessa forma, tinha uma refeição de graça. Em determinado ponto do livro, Gould declara: "Sofro de delírio de grandeza. Acho que sou Joe Gould."
Depois d'O Segredo de Joe Gould, Mitchel nunca mais escreveu nada. Ao ler o livro percebe-se por que. Ele morreu em 1996.
'No inverno sou budista,
E no verão sou nudista.'
'E em nossa Noite de Poesia da Natureza ele implorou para declamar uns versos de seu poema 'A gaivota'. Dei-lhe permissão, e ele saltou da cadeira e começou a sacudir os braços, a pular e a gritar : 'Scriic! Scriic! Scriic!'. Foi desconcertante. Somos poetas e não aprovamos esse tipo de comportamento.'
[Francis Lambert McCruden, presidente do Círculo de Poesia Raven, na década de 1940, em Nova York, reclamando das declamações do mendigo literato Joe Gould, no livro O Segredo de Joe Gould, de Joseph Mitchel]
O segredo de Joe Gould é considerada uma das melhores reportagens do século XX e uma das obras-primas de Mitchel, junto com O professor Gaivota, perfil sobre o mesmo personagem. O livro virou filme em Crônica de uma certa Nova York.
Gould era um velho yanque que, após travar contato com Mitchel, nunca mais deixou de atordoá-lo, indo todos os dias à redação da The New Yorker para falar durante três horas seguidas, durante uns cinco anos. Mitchel acompanhou o velhote por quase duas décadas e só publicou a história em 1964, sete anos após a morte dele.
Gould comportava-se de maneira quixotesca pelas ruas do Greenwich Village, bairro boêmio de Nova York. Entrava em bares e pedia um ovo frito para esvaziar em cima dele todos os potes de catchup que haviam a seu alcance. Dessa forma, tinha uma refeição de graça. Em determinado ponto do livro, Gould declara: "Sofro de delírio de grandeza. Acho que sou Joe Gould."
Depois d'O Segredo de Joe Gould, Mitchel nunca mais escreveu nada. Ao ler o livro percebe-se por que. Ele morreu em 1996.
1 Comments:
o que eu estava procurando, obrigado
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