Tuesday, August 28, 2007

Adeus para sempre

Vou fazer um QUADRO e pendurar na LAREIRA para ficar olhando enquanto escuto este disco absurdo de bom.

VOCÊ FOI MÓ RÁTÁ COMIGÔ.

Saturday, August 25, 2007

Noturno I

Mãe dizia:
- Vampiro anda de noite.
E de noite ninguém saía.
- Vampiro ataca mulher no escuro.
A moça não era de inventos e retrucava:
- Mas ele não anda no mato,
ali só anda mosquito e filho de lacrau.

Uma manhã ela tomou café e arrotou morcegos na janela.

Thursday, August 23, 2007

Efeito colateral

Perturbados desde que contracenaram com Uma Thurman e Scarlett Johansson, John Travolta e Bill Murray estão sendo consumidos pelos demônios.

O Sr. Adrenalina no Coração afirmou que dentro dele "existe uma prostituta", para dar o tom da intensidade de sua interpretação como mulher no filme "Hairspray - Em Busca da Fama". Não aprovei o papel, pelos motivos expostos na inominável foto abaixo.


Já Bill Murray dá mostras de que tão cedo não vai se recuperar de ter IMOLADO a Scarlett Johansson em Lost in Translation. Ele foi pego pela polícia sueca em estado de embriaguez enquanto dirigia um CARRINHO DE GOLFE pelas ruas de Estocolmo.

Tuesday, August 21, 2007

That's entertainment!


Depois de um breve e angustiado NAMORO, finalmente comprei esta caixa do Scorsese. Além de The Last Waltz, que não vi e já vale pelo ineditismo, tem Raging Bull, um dos maiores filmes já feitos, e New York, New York, que poucas pessoas gostam, mas eu acho muito massa.

Friday, August 17, 2007

Comoção

A forma que encontrei de me sentir um pouco menos constrangido ao comprar um cachorro de pelúcia foi apanhar o bicho e anunciar às duas balconistas: "despeçam-se deste cão porque eu vou levá-lo". Ao que parece, o pequeno cusco inanimado era realmente querido no ambiente, pois as gurias largam um "ohhh..." uníssono. Não satisfeitas, ainda chamaram um outra colega, que estava no horário do lanche: "Criiis, vem se despedir do teu cachorrinho porque ele está indo embora". A guria colocou a cabeça pra fora do cubículo onde estava, soltou um breve sorriso sincero e tornou a fechar a porta. Eu paguei e saí, surpreso com a disposição da humanidade em se entregar a armadilhas lúdicas.

Sim, é a primeira vez que compro algo do tipo.

Não, não responderei mais perguntas.

Jornalismo notívago

Café Dalles

O café Dalles, na Neue Schönhauser Strasse, nº 13, chamava-se antigamente Engelspalast [Palácio dos Anjos]. Outros tempos. Foi durante uma época restaurante público, e imagino que esta fosse sua finalidade original. Palácio de anjos não são construídos de antemão com tal propósito: com longas cavidades cujos extremos, como a margem de um lago extenso, se perde na névoa de fumo; e com uma segunda entrada à esquerda, que um dia talvez tenha sido uma chambre separée para anjos fora do expediente e onde hoje há uma mesa de roleta e jogos de roleta pregados nas paredes, cabines com vidraça, com o colorido pano de fundo de postais ilustrados, inofensivas como brinquedos para a juventude pubescente.

Kirsch, o gatuno, Tegler Willy e Apache Fritz estão sentados à mesa, e do outro lado está o policial de vigia. No fundo do corredor em forma de poço, Elli está sentada no colo de alguém, pois está de meias novas. Se uma pessoa tem meias novas, como não mostrá-las? Os pequeninos caracóis louros estão penteados na direção do rosto. Lá oscilam algo rijos, como rufos engomados. Imagino que o único desejo dela seja meia garrafa de kümmel. Que seja feita sua vontade, saúde! Meu amigo paga-lhe um pão com manteiga. Suponho que ela já não tenha desejos. Meias novas, kümmel e pão com manteiga. É realmente um palácio dos anjos.

Trecho do impagável texto Noites em inferninhos (melhor título), que consta no livro Berlim, de Joseph Roth (1894-1939), jornalista e romancista que ficava perambulando pela metrópole alemã e captando toda sua insana atmosfera do início do século XX. Sua perspectiva do desempenho jornalístico muito me agrada, comprometido que se mostra com as mínimas coisas da rotina urbana, muitas vezes mais significativas que os acontecimentos grandiosos. Li apenas um terço do livro, mas já valeu muito.

Monday, August 13, 2007

Quase manchete

Domingo à noite, por volta das 23 horas, estava eu dirigindo pela Osvaldo Aranha, quase deserta. Perto da Redenção, três pessoas iniciam os movimentos indicativos de que pretendem atravessar a avenida. Eu venho a 60 por hora, a uma distância segura, mais de 100 metros. As duas primeiras pessoas atravessam a rua, mas uma terceira resolve parar. Eu reduzo a velocidade, mas continuo me aproximando. O cara movimenta-se como se fosse voltra e eu desvio o carro para a pista da esquerda. Mas o desgraçado volta e se lança para a frente, começando a gingar na frente da massa de metal. Apavorado, não sei o que fazer. Foi tudo muito rápido, não dava tempo de parar. Tenho medo de escolher o lado errado - o mesmo que o palhaço - e acontecer o pior. Quando o carro chega bastante perto, o cara salta fora. O pavor extremo me dá uma pontada na cabeça.

De todas as situações que já enfrentei envolvendo trânsito e carros, esta talvez tenha sido a mais traumática. Mais do que quando uma moto se jogou na minha porta a 80 por hora, acho que pior do que quando um drogado do inferno me enfiou um 38 na cara numa distância que me permitia enxergar as balas no tambor. Porque o abobado se colocou na frente do carro, gingando, pedindo para ser esmagado, mesmo contra a vontade do condutor. Mais do que acabar com sua própria vida de merda, é possível que ele conseguisse avacalhar com a minha. Nunca conheci ninguém que acreditasse na inocência de um motorista homicida, muito menos creio que seria possível não ter a vida profundamente perturbada por isso.

Infelizmente, o engraçadinho me pegou com a companhia certa, porque tão logo fiz menção de parar o carro e forçar um retorno, me lembrei de quem estava ao meu lado. Tivesse sozinho ou acompanhado de outro BAGACEIRO, caro suicida filho de uma puta, teria voltado e te agarrado pela cabeça, batendo tua cara e teus dentes no asfalto até tu aprender que, sim, o absurdo é infalível e sempre nos surpreende, mas às vezes ele pode ser um pouco menos engraçadinho. E pra tu aprender que da próxima seria melhor brincar de pendurar uma corda no teto, colocar o teu pescoço no laço e dançar sobre uma mesa, porque eu não me importo nem um pouco com o lixo de pessoa que tu é e menos ainda com a pocaria da tua vida, mas apenas não quero ser o avalista do teu desfecho patético e muito menos quero ter minha vida estragada por uma flash mob de uma bicha histérica numa noite qualquer de uma porra de ano qualquer. Desgraçado.

Friday, August 10, 2007

Bad trip

Old Bull, longe das enchentes e tempestades com suas agulhas e seus pós ao lado da cama e algodões e seringas e toda a parfernália - "Quando você tem morfina, você não precisa de mais nada, meu caro", ele me diz durante o dia, todo penteado e doidão, sentado em sua poltrona com alguns papéis, o retrato do contentamento saudável - "Eua a chamo de Madame Papoula. Quando você tem ópio, você tem tudo o que precisa. - Todo aquele O delicioso corre por suas veias e você tem vontade de cantar Aleluia!" E ele ri. "Se eu tiver que escolher entre a Grace Kelly e a morfina, fico com a morfina."

"A Ava Gardner também?"

"A Ava Gvavna e todas as outras gostosas em todos os países até agora - se puder ter minha M da manhã e minha M da tarde e minha M da noite antes de ir para a cama, não preciso nem saber que horas são no relófio da prefeitura..."

Jack Kerouac escravizado pela droga no México, apaixonado por uma prostitura viciada em tudo, no seu livrinho Tristessa. Na realidade, o nome da moça que o escritor conheceu em 1955 era Esperanza.

Tem bons momentos, mas em geral é muito chato. Em algum lugar entre o Budismo e a morfina, Sr. Kerouac se perdeu, e tudo que se poderia chamar de fluxo de consciência virou um desfile de relatos pueris e bobos sobre drogados e experiências místicas. Mau livro.

Wednesday, August 08, 2007

Um até logo

Aos amigos Egs e Xanda, que amanhã partem para sua sensacional jornada na Austrália. Saber que estão felizes e que será divertido compensa a falta que farão por estas bandas. A cada ida ao Beira-Rio, tomarei uma Heinecken, apontando o brinde para onde imaginar na hora que fique a Austrália. Sei que lá longe Egs corresponderá ao gesto tentando colocar uma bandana num canguru desavisado. Suerte, gurizas.

As notícias da viagem já estão sendo contadas aqui.

Monday, August 06, 2007

Pica-pau > Marlon Brando



Já que o Nego postou o episódio decisivo do maior artista do século XX, não me resta outra alternativa que não oferecer mais uma célebre performance. Maior ídolo da minha infância, bem distante do segundo colocado - qualquer cara que montasse num cavalo e estivesse participando de um western.

Friday, August 03, 2007

Necrocinofilia

Dias desses, bem cedo pela manhã, um cachorro foi atropelado aqui perto de casa, e seu corpo ficou estirado junto ao meio-fio durante o dia. Era um cão conhecido na vizinhança, ficava dando banda aleatoriamente, e havia outros cães velando o falecido.

No final da tarde, uma senhora andava de bicicleta e parou para trovar com um cara que trabalha como segurança:

- Nunca vi maior manifestação de AMIZADE. Desde quando o cachorro morreu, seus AMIGOS estão lá do lado dele.

Eu ouvia a conversa pela janela e já estava ficando emocionado quando o segurança respondeu, cético e resoluto:

- Senhora, na verdade era uma cadela. Ela estava no cio.